Fevereiro 2010
Bárbara é Udentista!
Raimundo Ivan Barroso andava em peregrinação pelo Sertão em função da sua candidatura a Deputado Estadual. Homem inteligente, hábil, político até por hereditariedade, sabia que voto tem que ser ganho um a um. Infeliz do candidato que antecipa vitória e diz? “já posso dormir descansado”.
Aliás, o verdadeiro político, sabe, que o voto, mesmo dentro da urna ainda não está garantido. Se não for contado um por um e fiscalizado com rigor, acaba no mapa do mais esperto, e adeus! Por aqui é preciso ter cuidado, muito cuidado, com a malandragem de uma justiça muitas vezes corrompida.
Naquela viagem, quando o Raimundo Ivan chegou ao Crato, foi feita uma reunião preparatória do comício na casa de um chefe político local.
Raimundo Ivan, por sinal, com muita justeza, é grande admirador da heroína revolucionária cearense Bárbara de Alencar, possivelmente a maior de todas as heroínas brasileiras. Lembrando –se de que ia falar do próprio berço da nascença da brava mulher, Raimundo Ivan afirmou ainda na reunião preparatória: -No meu discurso vou ter que fazer algumas referências elogiosas, a Bárbara de Alencar, mulher que muito admiro! –
Mas doto, essa não! – interrompeu o chefe local e completou - a Bárbara de Alencar daqui é uma das mais fortes udenistas!
PORQUE NÃO AS VACAS?
Hyder Correia Lima tinha aquela cara muito séria. Mas no fundo era pessoa muito bem humorada. Essa estória bem o comprovava.
No tempo de chamada “ Aliança para o Progresso”, quando os norte-americanos mandavam o leite do FICI e alguns outros engodos para contentar os latino- americanos, roubados e saqueados pelos imperialismos, Hyder era o Delegado Federal da Criança aqui no Ceará.
Certa vez veio um gringo, um Mister John qualquer supervisionar o programa de distribuição de alimentos. Foi promovida uma reunião das autoridades das áreas da educação e da saúde com Mister John. Hyder como Delegado da Criança estava presente. O representante da “Aliança” fez longa exposição enfatizou o elevado espírito de cooperação ( Fraternal) do povo e do governo dos Estados Unidos. Na sua linguagem macarrônica Mister John da forma mais chata e repetitiva, ficou a repisar a “ fraternidade” a “ solidariedade” o “ espírito de cooperação” e por aí se foi o gringo pretendendo provar que eram os ianques os mais amorosos país das criancinhas desvalidas.
Os presentes, tendo como única exceção o Dr. Hyder, aplaudiam o “ bom amigo do norte” como chegou a afirmar um dos presentes. Em dado momento o americano, notando que o Delegado da Criança era o único que não revelava entusiasmo com a (fraternal amizade) resolveu interprelá-lo: - O Senhor Delegado Federal da Criança, o que acha do esforço que fazemos em favor do Brasil mandando toneladas de leite para as crianças daqui? Hyder Correia Lima encarou o representante da “Aliança para o Progresso” estourou: - acho que se os senhores são tão bonzinhos assim, porque não mandam as vacas? Aqui no Brasil temos muito quem saiba tirar leite.
(*) Luciano Barreira (Quixadá), editor emérito deste jornal. Materia puublicada na edição 182, em agosto de 2007