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Março 2009

A época dos “entas”


“Um dia destes, depois de perguntar por muitos contemporâneos, dona Dolores brincou:” Até me surpreendo de estar ainda viva aos noventa e quatro anos de idade. Ainda não cheguei á idade de minha mãe, mas já estou, há muito, contando décadas e comemorando os entas. Mais de quarenta que me formei em Direito.Há cinqüenta que sou amigo do Lucio Brasileiro e do Frota Neto.Há sessenta comecei a estudar em Tianguá, com os frades alemães. Tem pior. Ou melhor? Daquele tempo, possuo colegas e amigos.

Filho da Santana

Um dia destes, deu - me na telha tentar descobrir o paradeiro de um colega de escola franciscana de Tianguá, do finzinho da década de quarenta, o João Batista Nogueira com quem, posteriormente, deixei o seminário de Ipuarana, em Campina Grande, em junho de 1953. Como quando a gente fica velho só conta os acontecimentos na casa dos enta, ia dizer que fazia cinqüenta e seis anos que não o via. Quando consegui localizá-lo, ele me advertiu para o engano .Porque ,quando residi no Rio em 1967,fui com outro colega de seminário,Antonio Carlos Martins Melo,- o que foi juiz federal até um dia desses,- visitá-lo em Teresópolis onde era comerciante e se elegeu vereador. Faz apenas 42 anos que não nos vemos. Nadinha.

***O Guimarães

Falei, aqui, de haver reencontrado outro colega destes tempos, o João Guimarães lá da Serra da Meruoca que atendeu a convite para participar da festa de lançamento de minha biografia, produzido pela jornalista Luiza Amorim. A ele vira, pela ultima vez,em 1953. Guimarães, talvez com remorso de haver dado o cano em Deus, de não se haver tornado frade, como era de esperar, comprou nesga da terra pertinho do prédio do seminário onde estudamos para cultivar agricultura orgânica, sem agrotóxicos. Será remorso ? Da mesma maneira, João Batista Nogueira deu a sua mimosa pousada entre Teresópolis e Friburgo a denominação de Hotel do Rio dos Frades. Estará atacado da mesma moléstia, remorso? Se eu for insistir em tal tese, haverá quem me acuse do mesmo, o de ter estudado em colégio de frades, porque o ensino era bom e barato, e não ter terminado como um deles, por só escrever estórias de sacristia que envolve padres e bispos? O certo é que João Batista prometeu estar presente, em Sobral, ao lançamento do livro de Luiza Amorim, se o prefeito Leônidas Cristino confirmar esta festa na Princesa do Norte, esticando depois à terrinha, Santana do Acarau, donde saíram outros amigos e colegas nossos de seminário, Valdeci Vasconcelos e Clever Rocha. Com relação aos dois cujo destino pesquisei e que tive o prazer de localizar, trata-se de amizade contraída entre 1949 e 1950, na Escola Apostólica S.José, de Tianguá. Ali, sofremos juntos a derrota da seleção brasileira para a do Uruguai, ouvindo a sangrenta disputa do radio portátil colocado na janela do quarto de frei Candido.

Tragédia

Penalizamo-nos quando soubemos que, em Santana, o pai de João Batista faleceu, ao transportar o corpo da mulher morta para a câmara mortuária. Os frades, muito generosos, acolheram seus três irmãos no colégio para que estudassem, sem preocupação de encargos financeiros. Batista já era prodigiosamente inteligente, mas tinha apenas 12 anos, sem condições, portanto de cuidar dos irmãos.

Passeata

De Guimarães, lembro que comandou passeata contra frade novato, frei Amando, que nos pareceu mais autoritário que outros patrícios. Ele o apelidara de Cascudo, por causa do brilho de sua careca e foi gritando tal alcunha que o seguimos pelos corredores. Não me lembro de punição por tal manifestação de rebeldia.

O provedor

Não sei se em Tianguá, Guimarães já virara o chefe do abastecimento informal do seminário, controlando a colheita de jacas, e conservando o fruto a salvo da gulodice dos outros, surrupiando ovos do galinheiro dos frades e uma porção de alimentos importantíssimos para matar a fome daqueles meninotes de onze, doze, treze anos, naquele clima ameno. Sei que ele desenvolveu tais dotes em Ipuarana para onde fomos depois de concluído o curso primário.

Frio

O de que recordo era do friozinho da madrugada, pois naquele tempo fazia frio nas serras cearenses. Fixava o olhar na telha de vidro, morto de saudades de casa. Estava envolto num cobertor azul ordinário, com lista vermelha que me espinhava e de que ainda hoje tenho horror.

Por que a procura

Fico me indagando porque ando atrás destes fiapos do passado, do meu passado. Será porque eles me devolvem aos onze, doze anos de idade, quando nos conhecemos? Rever amigos daquele tempo restitui-me, de alguma maneira, à infância, ao inicio da adolescência.

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(*) Lustosa da Costa (Sobral), jornalista e escritor.

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