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Abril 2010

Na Fazenda Pocinhos e no passado


O arquiteto Campelo Costa, – que esta virando sobralense, – prometeu atender a meu pedido de desenhar as principais casas grandes das fazendas da zona noroeste do Estado. E, de inicio, me presenteou bico de pena da principal residência da fazenda Pocinhos, do antigo deputado federal de Sobral, Chico Monte, tão poderoso que chegou a fazer do genro Parsifal Barroso, governador do Estado. Fui rever aquela herdade, um dia deste. Por que falo em rever? Porque tenho a impressão de que, em minha infancia, passei la um dia inteiro, num churrasco com meu pai, a convite do dono da casa. Chego a detalhes. A dizer que fomos e voltamos na pick up vermelha, de marca Dodge, de Chico Monte, ao mesmo tempo em que me pergunto, imaginei, sonhei ou vivi tal viagem? Nossa memoria não é feita apenas de fatos e recordações de fatos, também daquilo com que a imaginação os adornar e vai enriquecendo ao longo dos anos.

O certo é que a visita teve doce sabor de passado. É como se estivessem ali seus proprietários, Chico Monte e dona Maria Monte, depois Olga Monte Barroso e Parsifal e o filho mais velho, Regis Barroso.

Um dos moradores, que ainda conheceu o velho coronel, me apontou o olho d’agua da fazenda junto ao qual se acoitou Chico quando foragido da Polícia, acusado do homicídio, em duelo publico, numa das praças da cidade, do tenente Castelo Branco que fora prende-lo isto em 1922

Eles lembravam ainda dois ficus de benjamin que ensombravam a frontaria da morada com os quais implicava Regis Barroso. Sua mãe jurava porem que enquanto fosse viva, as duas arvores continuariam ali. E foi o que aconteceu. Quando ela morreu, elas começaram a fanar e terminaram por fenecer.

Não posso duvidar de que tenha ido à fazenda porque meu pai gostava de levar o primogênito a casas de amigos importantes, como Chico Monte ou como o culto cego da rua da Aurora, monsenhor Linhares.

Afinal, gosto de dizer que escolhi o deputado como padrinho de crisma (O atestado do recebimento do sacramento esta na capa do meu próximo livro “Sobral que não esqueço”, assinado pelo professor Antonio Ferreira Porto). Será que foi mesmo ou apenas aquiesci gostosamente ao que penso ser desejo de meu pai?

Isto facilmente se entende quando se recorda que em 1954 fui um dos primeiros a subir ao palanque de Chico Monte para discursar,apoiando a candidatura de Paulo Sanford, à prefeitura da cidade. Já falava mal naquela época. Nem minha mãe ate hoje teve coragem de dizer que sou bom orador. Por isso leva escrito “meu improviso”. E nele embuti slogan de pouca criatividade que declamava do alto do caminhão em que discursava. Era assim “Um, dois, três,Chico Monte mais uma vez”. Apesar dele, o candidato foi vitorioso.

Lembro de entrevista que fiz com ele, no finzinho de 1959 no Palace Hotel. Cheguei lá,de paletó e gravata, acompanhado do fotógrafo e lhe beijei as maios reverente (afinal era meu padrinho).

Logo depois o encontrei, à porta da Assembléia e ele me chamou a um canto e, mansamente, pediu” Não dê estas notinhas contra o governo porque a Olga e o Regis não gostam.”

Passado muito tempo,residindo em Brasília, lembro me de Olga e Parsifal me oferecendo almoço e o exgovernador, citando,com frequência, meu nome na coluna que escrevia em O Povo.

Pouco antes de morrer, Olga viajou comigo rumo a Fortaleza, conversando animadamente sobre antiga professora minha que teimava em amar, apesar da sucessão de décadas. Como estremecesse a qualquer oscilação do aviao, Olga viu que estava com medo e indagou:”Quer um uísque? Eu trouxe”. Claro que não me fiz de rogado. Ela me serviu e continuamos animado papo. Olga foi o filho homem que Chico Monte não teve e era franca, direta, reta, sem dissimulações. Era o que nos fazia admirá-la.

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(*) Lustosa da Costa (Sobral), jornalista e escritor.


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