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Junho 2009

Acopiara – O Estrago da Crise Global


Acopiara está entre os municípios brasileiros que não arrecadam o suficiente para pagar suas contas, mas estas são corretamente fechadas, como fluxo de caixa até positivo, nos termos das exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Percebem-se duas coisas neste enunciado: que os pagamentos dos benefícios previdenciários do INSS e os assistenciais (Beneficio de Prestação Continuada) e Bolsa Família, bolsa isto e bolsa aquilo, superam as transferências do Fundo de Participação dos Municípios (União) e do ICMS (Estado). Outra parte da receita municipal é constituída pelos convênios de investimento e custeio da União, para saúde, educação, habitação, transporte, saneamento. A receita própria é mínina.

Conclui-se que o regime federativo está fraudado e fadado a desmoronar. O ente municipal encontra-se falido, tal como a General Motors, Ford, Chrysler.

Mas não se vê, neste país, alias“ nunca dante nefe paif” se viu, uma autoridade pública se mover para resolver este problema que é estrutural e dos mais graves.

Qual empresa de qualquer setor, indústria, transformação, comércio, serviço, agricultura que sobreviveu sem que seus donos não bancassem suas contas? Acabamos de ver a implosão da Sadia, um império que até jun de 2008 era padrão de confiança, austeridade e liquidez. Com a crise global virou pó. Inúmeros impérios desabaram no Brasil nos últimos tempos como Matarazzo, Varig, Vasp, Mappim, Mesbla, Transbrasil, Cofap, Indústrias Villares, Bamerindus, Nacional. Econômico. Não puderam ficar de pé. Desmoronaram-se em cima de suas dívidas.

Um economista de ponta um dia disse que ainda não se inventou a falência de ente público. Meus pêsames.

A tese vem sendo aperfeiçoada, pois mais de 30% dos estados e50% dos municípios brasileiros estão falidos.

O famoso Distrito Federal, Brasília, não arrecada para se manter. Não supre 20% de suas necessidades, sendo 80% cobertas pela União, incluindo custeio da educação, saúde e segurança. Além disso, através do Fundo Constitucional transfere bilhões para investimentos. Dentro do DF, há a cidade do Congresso Nacional, com 130 mil pessoas, que não arrecada um tostão, não produz uma batata e custa bilhões, pagos pelo Rei das Florestas do Cerrado. Um professor do 1º grau em Brasília ganha três vezes que ganha um da cidade do Rio de Janeiro, um médico, quatro, um soldado, cinco, um coronel da PM, três, assim por diante. Isto é porque o dinheiro dá em arvore.

É duro vermos a crise municipal se alastrando, todos os prefeitos com pires na mão, em passeatas e manifestações mensais em Brasília para pedir dinheiro, a benção ao nosso guia e prometer apoio ao 3º, mandato ou ao herdeiro do 2º. reinado!

Se existe a ciranda financeira, também existe a ciranda política.

Apesar da baita crise presente na União, nos Estados, DF e Municípios, de alto baixo, em todas as esferas de poder, Executivo, Legislativo e Judiciário, só se pensam no próprio umbigo: quanto vou ganhar? Primeiro no singular, depois no plural, seja, quanto minha cambada vai ganhar? Todos acabam ganhando, de forma legal ou ilegal, por cima ou por baixo do pano.

Diz-se em Brasília que de cada 1 real liberado pela União, 20 centavos chegam aos municípios, ficando com os bocões e gueludos (federais e estaduais) os outros 80 centavos. Pode ser.

Diante deste quadro, dá para imaginar como vivem o pacato cidadão numa cidade como Acopiara, em que os horizontes são encurtados pelas serras e serrotes que a cercam.

Que tipo de expectativas, sonhos, esperanças, tem o nosso pessoal em termos de futuro? Um município com poucas indústrias, com agricultura e pecuária de subsistência, serviços escassos, comércio limitado. Na outra ponta, nossos jovens estão na escola, à vacinação existe, a mortalidade infantil está contida, a sobrevida das pessoas é elevada, a saúde dá pro gasto, toda semana tem festas, há telefone, internet, radio e televisão. São contrapontos de uma realidade em que os padrões médios de vida, não há luxo e nem ostentação (nem dos mais abastados) mas em que as condições de crescimento da comunidade estão amarradas . Acopiara está carregada de problemas de toda espécie e os acopiarenses cheios de dívidas.

A propósito, me contaram o seguinte:

Há tempos, um rico turista paulista, destes que se divertem com a nossa miséria coletiva, passou por Acopiara numa Land Rover, das que fazem a fantasia dos corruptos do regime.

Procurou um hotel, bateu no Acopiara Sheraton, de Zé do Bar e d.Maria, numa tarde de sábado. Pediu a melhor suíte e colocou na mesa da recepção (caixa) cinco notas de 100 reais. Foi-lhe entregue a chave da suite premium no 3º andar.

Nada mais disse e nem quis saber..

Conta a lenda, digo lenda pois jamais conversei com o Zé sobre isso, que o Zé pegou uma nota de 100 e pagou dívida ao fornecedor de carne. O marchante correu para pagar o atacadista, este pegou os 100 e disparou para pagar o frigorífico, este foi pagar ao pecuarista. O hilário desta estória é que o pecuarista contou que mandaria os seus 100 para uma madame de Fortaleza que lhe abastece de garotas de programa... Os bois agradeceram no pasto.

No outro dia, domingo,o paulista acordou,tomou café e disse que ia embora. Neste momento, o Zé compreende que os 500 reais era muito dinheiro, colocou 400 reais na mão do paulista, que explodiu de contentamento, pois conseguira dormir o sono dos justos, sem ser explorado. Agradeceu à hospedagem, a cortesia, o atendimento, o gesto civilizado do Zé que faz do Acopiara Sheraton o melhor hotel do território do Alto Salgado.

Moral da estória: não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido. Todos liquidaram suas dívidas. Vida que segue.

(*)JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.    

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JB Serra e Gurgel
Jornalista e Escritor
http://www.cruiser.com.br/girias
gurgel@cruiser.com.br


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