Boa tarde, quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Agosto 2012

A última trincheira

Se há um lugar para onde se vai, correndo, quando o cansaço chega, na rua, no trabalho, no escritório, é a casa da gente. Então, se respira fundo, como se uma missão tivesse sido concluída, ali, a certeza de um compromisso realizado.

Para um lado se joga a bolsa, numa mesa as pastas e os livros. O paletó, desobrigado das formalidades é esquecido na primeira cadeira que se vê, e num chinelo os pés se espicham

A poltrona arredondada, frente à televisão, é um convite insistente à entrega da tensão, e o jornal que não se leu pela manhã, dobrado, aguarda a vez de informar, de contar da humanidade as suas peripécias.

O barulho d água na torneira aberta ou do chuveiro, caindo,a risada do filho que acaba de chegar da universidade, o chiado do bife fritando na cozinha, o “pequenês” que late quando a campanhia toca......é um oásis a casa da gente.Uma sombra num dia ensolarado. Uma clareira na floresta fechada. É abrigo e segurança. E se os resultados no trabalho, no escritório, não são bons o quanto se esperava, ali se fecham os olhos e se procura uma nesga azul no céu cinzento.

Mas, não são as paredes do apartamento ou os muros delimitando o espaço que abrem a cada um a porta do sossego e do descanso. As paredes lisas ou as cortinas de seda, os tapetes que cobrem o chão, nem os cristais reluzentes decorando as mesas dão as boas vindas e o convite a que se entregue, se dê e se fique à vontade. É algo mais que lá dentro, e cá, no peito, dão a certeza do aconchego.E o diálogo se faz e a comunicação existe, dispensando muitas vezes as palavras. E cada um que chega vai fazendo a sua entrega, n um ritual de confiança. A família está presente.

Instituição que começou nos primórdios da humanidade, a família, hoje, na evolução que aceitou através dos séculos, é uma lembrança longínqua daquele agrupamento rudimentar de homens e mulheres numa caverna em volta do fogo, onde um pedaço de carne, resultado de uma caçada, em grupo, era dividido, e na união se fazia a força e se atenuava o medo.

A família é a primeira escola. Da palavra. De comunicação. De troca. Do riso franco. Na criança, o primeiro gesto estendendo a mãozinha rechonchuda pedindo apoio e ajuda tem na família o primeiro espectador e a primeira resposta. Ali começam as opções, as escolhas, as preferências, todo um aprendizado na arte de dar e receber. O respeito pelo outro se insinua, toma vulto, e a consideração pelo mundo do irmão se torna sagrado. E se aprende a esperar. E a aguardar a vez. E a ceder. Como também renunciar. Abrem-se as portas do coração para atender o que bate, e o convite a confiar é aceito plenamente. Aprende-se a trocar. E a dividir. E cada um colabora com o todo, na certeza de que a omissão não pode ter lugar e que a participação leva a melhor resultado. Na disputa natural que é um treino, uma experiência sempre repetida, aprende-se que a violência gera a violência e que a comunicação e o diálogo existem para o entendimento e a melhor maneira de se conviver. As limitações são aceitas. Sem a preocupação de impressionar, de mostrar aquilo que não se é ou que não se tem, não se levantam os muros da dissimulação. Capacitam-se todos, à custa da evidência, que ninguém é perfeito, e que o erro de um, hoje, pode ser o erro do outro, amanhã. E o atenuante, a desculpa, o perdão são dados. Troca-se carinho e amizade, em família, com a mesma simplicidade com que se dá” bom-dia” E, querer bem é tão natural como respirar.

Oásis, clareira, sombra. Não é lugar, não é espaço, mas ali vive a certeza de que o bem e o amor existem. Célula primeira e base da sociedade, cidadela,hoje, ameaçada Os alicerces, cedendo, pelas paixões, pelo imediatismo, pelo egoísmo que reina.

Enquanto nida, estável, há sobrevivência.Mas, sem compreensão, desvalorizada, sem afeto, dividida, que espécie de indivíduo terá o mundo, na criança que sem calor e aconchego, carente de amor pede migalhas e endurece o coração porque nada recebeu? E, se encontrou apenas portas fechadas e foi forçada a se tornar uma ilha, o que pode oferecer essa criança, homem amanhã, em troca do que não ganhou? Se não aprendeu a dar e nem a receber?

Num mundo de incompreensões e incoerência, de difícil peleja para sobreviver, que se sustente se firme, se defenda a estabilidade da família Nela se encontram os verdadeiros valores e a segurança do mundo. Cidadela ameaçada é ainda a última trincheira.

(*) Regina Stella (Fortaleza), jornalista e escritora

Untitled Document

Regina Stella S. Quintas
Jornalista e Escritora
studartquintas@hotmail.com

                                            
:: Outras edições ::

> 2015

– Outubro
Camaleões à solta

–Setembro
Um instante de Solidariedade

> 2015

– Novembro
Coronel Chichio

– Outubro
Uma ponte...

– Setembro
Um verbo para o encantamento

Agosto
Há vida lá fora...

> 2014

Setembro
Seca: a tragédia se repete
Agosto
Seca: a tragédia se repete
Julho
Gente brava
Junho
Dia da Alegria
Maio
Precioso bem
Abril
Aquele velho “OSCAR”
Maro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Fevereiro
Recado para quem sai
Janeiro
Rota para a vida

> 2013

Dezembro
Na festa do tempo, um brinde à vida
Novembro
Em velha trova do tempo. Trinta dias tem setembro. Abril, junho, novembro...
Outubro
O Gênio e o Homem
Agosto
O Gênio e o Homem
Julho
Um presente de vida a Mandela!
Junho
Dia da Alegria
Maio
Precioso bem
Abril
Aquele velho “OSCAR”
Maro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Fevereiro
Recado para quem sai
Janeiro
Rota para a vida

> 2012

Dezembro
As lições de amor e ternura fazem eterno o Natal
Novembro
As luzes estão acesas
Outubro
Amarga ironia
Setembro
O trono vazio
Agosto
A última trincheira
Julho
Parece que foi ontem...
Junho
Atores de todos os tempos
Maio
Seca: a tragédia se repete
Abril
Imaginação ou realidade?
Maro
Um Século de Sabedoria
Fevereiro
Trágedia e Carnaval

> 2011

Novembro
Trilhas da vida
Setembro
Um mercenário a caminho
Agosto
Usar sem abusar
Julho
Como as aves do céu
Maio
Quem se lembra de Chernobil?
Junho
Sino, coração da aldeia...
Maio
Maio, cada vez menos Mês de Maria, está indo embora...
Abril
Bonn, Bonn
Fevereiro
Depois da festa...
Janeiro
Um brinde ao Novo Ano

> 2010

Dezembro
Nos limites de um presente,um presente sem limites
Novembro
Homem total
Outubro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Setembro
Um tempo que se perdeu
Agosto
Império do Medo
Julho
Acenos de Esperança
Junho
Maio, cada vez menos Mês de Maria, está indo embora...
Maio
Poema Impossível
Março
Numa tarde de verão
Fevereiro
Caminhos de ontem
Janeiro
Muros de Argila

> 2009

Dezembro
Um Brinde Vida
Novembro
A vez da vida
Outubro
Gente brava
Setembro
Gente brava
Agosto
Lição de vida no diálogo dos bilros
Julho
Camalees solta
Junho
Síndrome de papel carbono
Maio
Um tempo que se perdeu


:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -