Junho 2011
Acopiara -Zé Marques Filho, uma referencia de respeito
Lages, depois Afonso Pena e hoje Acopiara era um grande latifúndio de subsistência da família Lages, quando lá chegaram Francisco Guilherme Holanda Lima (Chico Guilherme), Henrique Gurgel do Amaral Valente (Vovô d Rio) e José Marques de Oliveira (Tio Cazuzinha), na primeira década do século XX, vindo de outros territórios. Ali se instalaram comprando as terras acidentadas dos Lages criando um arraial, depois povoado, vila, distrito até chegar ao formato de uma cidade, já com outros grupos de povoadores, que lhes seguiram os passos.
Entre os udenistas sobressaiu-se a figura de José Marques Filho, nascido em Quixeramobim, em 23.06.1897, filho de José Marques de Oliveira (Cazuzinha) e Maria Leopoldina Serra de Oliveira (Doninha), ambos de Jaguaribe onde se estruturaram uma das famílias Serra/ Marques, do Ceará. Era irmão de Sebastião, Antonio (Tonheiro) e Mario Marques Serra, de Francisca Marques Ricarte e Carmélia Marques Cidrão. Sebastião, Antonio e Mario foram para São Jose do Rio Preto e Campinas, São Paulo, respectivamente, consolidaram suas vidas. Mario tornou-se padre, construiu e por 28 anos foi vigário da igreja de N.S. da Aparecida, no vale do Ipiranga, na capital. Lembro-me dele quando, na companhia de Ademar de Barros, levou a imagem peregrina de N.S de Fátima a Acopiara, na década de 50.
Cazuzinha era um vendedor de animais (bois e cavalos), o veio econômico do interior do Ceará, seja como meio de transporte seja como força mecânica para puxar o que fosse. Não haviam índios e os negros que lá passaram foram poucos. Tio Cazuzinha, como chamávamos, tinha o perfil de dom Quixote, alto, magro, barba, rosto sulcado, sobrancelhas cerradas. Muito esquio. Um homem tranqüilo, sereno, equilibrado em longas pernas e alpercatas. Muitas vezes ficava longe de casa, buscandocavalos e bois, comprando e vendendo peles de animais e gêneros alimentícios. Chegou ir ao Acre, um despropósito na jornada de sobrevivência. Tia Doninha era mansa, religiosa, dedicada ao lar.
Zé Marques chegou a Acopiara com 10 anos. Casou-se em 16.12.1920 com Urcezina Marques Holanda, de Tauá, filha de Antonio de Souza Lima e Maria (Marica) Holanda Lima, irmã de Chico Guilherme, já instalado em Lages.
Foi 1º Tabelião e escrivão das execuções criminais e do júri, com seu cartório de registro civil e de imóveis, instalado atrás da Igreja, há mais de 80 anos, sendo sucedido, por concurso público, por seu filho, Evandro, por sua nora Maria Nilce, e por sua neta, Solange. A história de Lages, Afonso Pena e Acopiara está no arquivo do Cartório dele e de Manoel José da Silva. Urge recuperar os acervos e a memória (os livrões) pois o tempo, o cupim e as traças trabalham contra. Com visão empresarial, mesmo tímida, acionou a Iagropesa, Ipiranga Agropecuaria S.A, que explorou o sitio Ipiranga, de sua propriedade, há 15 km do núcleo urbano.
Em 1947, o governador do Ceará, Faustino do Nascimento e Souza, nomeou Zé Marques interventor em Acopiara, de 18 de março a 25 novembro, tempo suficiente para por o pé na estrada política.
Em 1950, Zé Marques foi nomeado delegado da UDN pelo senador Fernandes Távora, pai do depois senador e governador Virgilio Távora. A “pax romana” foi quebrada. Chico Guilherme e Vovô do Rio, escudando Celso de Oliveira Castro, ficaram com o PSD que vinha de 1946. Zé Marques organizou a oposição a que se aliaram os Albuquerque, Macedo, Uchoa, Mello e Nunes, de Izidoro. Não foi vereador mas disputou eleição para deputado estadual pela UDN, ficando na suplência, tendo assumido o mandato.
Acopiara e todo o sertão do Ceará por longo tempo, até 1964, rachada, dividida, partida. Os mais fortes ganharam o poder
Em 1965, já distante da política, Zé Marques fundou o Lions Clube.
Em 1977, ao completar 80 anos, foi agraciado com o titulo de Comendador da Ordem de São Lazaro do Vaticano,pelo papa, recebido pelo irmão, em Roma, monsenhor Mario Marques Serra,
Do casamento com Urcezina, teve 19 filhos, sobreviveram 15: Geraldo Marques Holanda, engenheiro civil, casado com Matilde Peixoto Marques, funcionária federal; Maria Marques Brandão, casada com o dentista e maestro Mozart Brandão; José Edilson, contabilista, casado com Maria Wilma Martins Marques; Maria Aglaís Marques Albuquerque, casa da com o dentista Ezequiel Albuquerque de Macedo; Evandro, casado coma professora Maria Nilce Rodrigues Marques; Maria Leopoldina, freira das Dorotéias e assistente social; Maria Terezinha de Jesus Marques Holanda Maia, casada com construtor Luis do Nascimento Maia, Helder, coronel do Exército casado com Norma Gadelha Marques; Olga Marques Colares, casada com o comerciante Francisco Bernardino Colares; Antonio Apiano, engenheiro agrônomo casado com a advogada Benildes Roque Marques; Emmanuel, engenheiro agrônomo,casado com a professora Maria Liana Braga Marques; Maria Onides Marques Serra, casada com o médico José dos Santos Serra; Marta Maria, dentista, casada co m o coronel do Exercito Cacambo Antonio de Oliveira Magalhães; Eleonora Marques Brandão, casada com o engenheiro civil Mozart Brandão Junior e Paula Frassinetti Marques Barbosa, casada com o médico Esdras Barbosa Chagas.
Ao falecer, Zé Marques 62 netos, 109 bisnetos e 11 trinetos.
JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.