Novembro 2015
Para a Forbes, o Califa Abu Bakral Bagdadi é a 57ª pessoa mais poderosa do mundo
Muita gente acha que o Califado está do outro lado do mundo,
com homens e meninos-bomba, degolas com adagas e espadas,
barbárie, pelotões de fuzilamento em massa, com balaços na nuca,
desfile de vítimas em gaiolas, terrorismo, atentados, violências e
hordas de refugiados de estados semidestruídos. Tudo isso e isso
tudo muito longe do Ceará e do Brasil. Acho que está bem próximo
de todos nós muito mais do que supõe a vil imaginação dos idiotas
e a insidiosa omissão dos cretinos. O Califado está se instalando
aqui em marcha batida, no vácuo da anomia, apatia, desmobilização,
letargia social, econômica e política.
Vejam os sinais da presença do Califado:
1) Quadrilhas de organizações criminosas (em que os fins
justificam os meios) operando por controle remoto, de prisões,
ongs e fundações, com armas de grosso calibre e, até antiaéreas,
privativas das forças armadas;
2) controle pelo narcotráfico e milícias da venda de gás e água
em favelas, condomínios, bairros, cortiços, viadutos, casas de latas,
etc da tv a cabo, a gato net, nas mesmas localidades; dos camelódromos,
roubautos, mercados dos rolos, ou populares, dos milhões
de camelôs e muambeiros de produtos chineses, de vans, kombis,
lotações, peruas, camionetes, ônibus piratas, legais ou ilegais;
3) fechamento de escolas e comércio, quando a polícia estoura
bocas de fumo, mata narcotraficantes, milicianos, assaltantes e
bandidos, em confrontos com balas perdidas a torto e a direito;
fechamento de ruas, avenidas e morros, quando há mortos; cobrança
de pedágios em rodovias e vias de acesso aos santuários
do narcotráfico e das milícias;
4) explosões de bancos, carros fortes, lotéricas, caixas eletrônicos,
mercados, joalherias, assaltos, sequestros, apesar de aparato
de segurança, câmeras, serviço secreto e o escambau; em cidades,
inclusive do interior, com reféns humanos geralmente mulheres
grávidas, crianças e idosos, amarrados em cima de capôs de carros
na fuga com o tesouro;
5) queima de ônibus e pneus velhos nas rodovias em
manifestações”espontâneas” por minorias sem teto, sem terra, com
bolsa, sem trabalho, sem cartões corporativos, financiadas pelo
governo, quebra constante de vidros e invasões de edifícios
públicos por movimentos sociais; com colchões, tendas, caixas
de papelão, marmitas e sanduíches de “mortandela”;
6) encenações da polícia-cidadã (!), da polícia pacificadora,
que mata negros, e em que morrem policiais, todos jovens e
pobres, filhos das periferias;
7) arrastões nas praias, shoppings, ruas, avenidas, alamedas,
ônibus, metrôs, trens, supermercados, estádios;
8) difusão de novelas em que vilões, canalhas, pulhas, patifes,
proxenetas, cornos, mordomos, ladrões, homos e putas
são os heróis dos novos tempos;
9) brigas de torcidas organizadas pelos clubes, com barras
de ferro, paus, cadeiras, bombas de gás e “spray de pimenta”;
10) cracolândia em todas as grandes cidades, sob a proteção
do Estado, como se fossem valas comuns para seres vivos em
veloz degenerescência.
11) rebeliões nos presídios, com queima de colchões, guardas
e reféns sendo atirados pela janela e teto, com arsenal de
armas pesadas e artesanais, tribunal e código penal próprios,
smartphone, iphone, android,wifi, roteador, gps, tablets, ipad,
iped, ipod, ipud, instagram e whats app;
12) grandes corruptos, com dedo ou sem, língua presa ou
não, condenando a corrupção e fingindo de mortos, depois
de vultosos assaltos aos cofres públicos, na ECT, BB, Caixa,
Petrobras, Eletrobras, BNDES, e lá fora nos paraísos fiscais;
13) pedaladas fiscais à revelia das leis; em todos os níveis
públicos;
14) sucateamento da saúde, educação, transportes, comunicações,
segurança enquanto financiam laranjas, o caixa 2, o
crime organizado, os colarinhos branco, movimentos sociais
de vagabundos, e uma rede de lavanderias;
15) velhinhos do INSS que até 2003 não se endividavam,
foram condenados com o consignado a se endividar até a
tampa;
16) distribuição de bolsa família para financiar a compra
de roupas, motos, bicicletas, relógios de marca;
17) festas “raves” nos sítios das grandes cidades, em que rola
todo tipo de bebida, de droga, de sexo, de putaria e fuleiragem;
18) carnaval fora de época, com farta distribuição e consumo
de todo tipo de drogas;
19) pancadões de som de “pops” rapeiros, funkeiros, roqueiros,
com palavrões, orgias, gritos e alaridos, exibição de armamentos
reluzentes, mulheres seminuas e garotões pichados;
20) desobediência civil generalizada, com negação de valores,
princípios, ética, religião e maximização do nilismo, do inclussismo
e do hedonismo;
21) decretação da morte da família de homem e mulher, fim
dos valores cristãos, dos direitos humanos universais, de respeito
e dignidade do indivíduo;
22) banalização da vida humana, com esquartejamentos, fuzilamentos,
mutilações, execuções sumárias; bem como da razão
de viver, de padrões de honestidade, de mérito, de referência, de
dignidade, de caráter, tudo substituído pela imundície, mediocridade
e vilania;
23) mortes às classes dominantes estruturadas e substituição
por emergentes cúmplices de todas as bandalhas permissivas
regradas pelo Califado.
Creio que o astuto leitor identificou que todos esses sinais
estão cada vez mais nas nossas barbas, presentes na multimídia
dos jornais, revistas, tevês, rádios, sites, blogs, blogueiros, mídias
sociais, etc.
Todos nós, por omissão, somos coniventes com o que está
acontecendo.
Não sei se viverei para ver uma violenta reação ao Califado
ou sua instalação definitiva neste jardim deste lado do Atlântico.
Brasília tem tudo para ser a capital do Califado. Os sunitas são
os corruptos do Executivo, os xiitas os narcotraficantes, os curdos
os milicianos .Com eles, os surdos do Congresso e os mudos do
Judiciário. Há dois califas presos em segurança máxima e um solto pela aí dando as cartas aos súditos...
(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.