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Dezembro 2008

Acopiara comemorou cinco centenários em 2008


Jb Serra e Gurgel (*)

Neste ano da graça de 2008., Acopiara comemorou cinco centenários, em grande estilo. Os 100 anos da chegada da família Gurgel do Amaral Valente; os de Nominandas Bezerra Lima, o Naminame do Café, os de Antonio Alves Guilherme, Antonio do Cedro, os de Dr; Tiburcio Valeriano Soares Diniz e os de Antonio Dias Albuquerque, o Vilela.

Sobre os 100 anos da chegada da família Gurgel do Amaral Valente : foram marcados por muita emoção. Somos mais de 1.600 descendentes do Vovô do Rio e da Vovó Joaninha, por mim contados, entre diretos e indiretos. Claro que nem todos estiveram em Acopiara. Mas os300 que lá passaram vivenciaram momento único em suas vidas. Que os descendentes comemorem os 200 anos com o mesmo brilho e reverência.

Cultuar a memória é viver a História, a ocupação espacial e territorial (urbana e rural), a formação política, a organização social (educação e cultura), a estruturação administrativa, o desenvolvimento econômico, centifico e humano. Aproveitamos o momento para nos situar perante todos os nossos conterrâneos pela contribuição de nossa família ao progresso de nossa Acopiara.

Nominandas Bezerra Lima nasceu em Iguatu, filho de Santiago Bezerra Lima e Joana Guedes Moreno.Ficou órfão aos 10 anos e começou a trabalhar na agricultura para ajudar seus 10 irmãos.Veio cedo para Acopiara, casando-se em 1934 com d. Maria. Dos 13 filhos que tiveram, nove se criaram, nasceram 37 netos, 58 bisnetos e 7 tataranetos. Viveu com com d. Maria 60 anos., ela morreu com 78. Ele faleceu este ano em 02.02 com 101 anos e três meses.

Nominandas enfrentou muitas dificuldades para sobreviver com dignidade. Trabalhou na Serraria de José Emídio, nos sítios Lamarão do coronel Sinfronio, Campestre e Veneza.Vivia da agricultura, como meeiro, e na cidade, no Colchete, na casa em que morava, cedida por Antonio Tó, tinha um pequeno negócio, ora pensão, ora venda de produtos essenciais, ora bodega, ora café o que era feito por.d. Maria mas que lhe valeu o apelido de Naminame do café. Foi também marchante (açougueiro) e comprou um jumentinho para acompanhar o padre João Antonio nas missas nas capelas levando comidas, pães, sequilhos, bolachas, tapiocas e café.

Antonio Alves Guilherme nasceu em Tauá, em 22.10.1908, filho de José Alves Ferreira e Elvira Holanda Cavalcante, Aos 17 anos foi morar em São Luis, no Maranhão. Após a morte do pai, sua mãe foi morar em Lages, mais tarde Acopiara, com os filhos Chico Elvira, Mariinha, Joaquim, Manuel , Luiz e Teodolina, no sitio Croatá, de seu primo, Almerindo Guilherme.

Já em Lages, em 1929, conheceu Zilda, do sitio Córrego do Juazeiro, ao lado do Croatá, casando-se em 1929, ato celebrado pelo padre Leopoldo Rolim, nascendo os filhos Albertina, Aldenora, Altamira, Adalberto, Adalia, Adaíza, Alzionete, Antonio, Fernandes, José, Goreti, Elvira, Pedro e mais sete filhos que faleceram recém –nascidos, chegando aos 42 netos e 60 bisnetos.

Antonio e Zilda, casados, foram morar no sítio Cedro, de propriedade de Félix Florentino, vivendo da agricultura, depois do comércio de gêneros, da compra de algodão para seu tio, Chico Guilherme, além de pele e mamona para Alcebíades Jácome e João Holanda, seus amigos e compadres. Tornou-se Antonio do Cedro e foi nomeado Delegado de Quarteirão do Cedro, pelo Governador Interventor Federal no Ceará, Francisco de Menezes Pimentel.

Em 1947, veio morar na cidade incentivado pelo irmão Chico Elvira, estabelecendo-se n comercio à rua Marechal Deodoro até 1981. Em 1948, comprou o sitio Canaã, cuja casa grande foi cedida para a empresa construtora da CE 040 , na seca de 1958. e mais tarde parte da fazenda foi vendida a Prefeitura , na gestão Jairo Alves, para que fosse construído um campo de pouso que leva o seu nome. Faleceu em 26.07.1991, cercado por seus familiares e amigos.

Dr. Tibúrcio Valeriano Soares Diniz nasceu em 10.09.1908, em Serra Talhada/PE, terra de Lampião, filho do coronel Cornélio Soares e Cecília Diniz Soares, ele foi prefeito da cidade, neto paterno do abastado comerciante, Tibúrcio Valeriano Gomes de Lima, e neto materno de Joaquim Diniz, juiz da comarca de Serra Talhada. Com 12 anos, em 1920, ingressou no Ginásio em Serra Talhada e com 23 na Faculdade de Medicina, do Recife, formando-se em 1936. A convite de seu colega, Aderson Monteiro, veio várias vezes à Acopiara.

Em 1938,já médico, fi xou-se em Acopiara casando-se com d. Mun dinha, filhade Paulino Félix Teixeira e Josefa Alves Teixeira. O casal teve nove fi lhos: Sergio, Semiramis, Nodja, Cornélio,. Aurélio, Lécia, Márcia, Cecília, Tibúrcio e Paulino.

Em 1946, foi nomeado prefeito para o biênio 1946-47, elegendo-se depois para o período 1950-54. Foi eleito deputado estadual para o período 1954-58. Tentou a reeleição para 1958-62, fi cando na primeira suplência , assumindo em função da licença de Pontes Neto, nomeado Secretário estadual de Saúde. Faleceu prematuramente em 26.03.1962, com 53 anos. Sua passagem pela prefeitura foi marcante deflagrando o processo de calçamento, abastecimento de energia elétrica e d,água com a construção da barragem que leva o seu nome, inicialmente com 2.4 milhões de m3 e hoje com 7,1 milhões de m3, construção do centro de puericultura, maternidade e hospital.

Quem comemorou centenário vivo, festejado por seus familiares e amigos, foi Antonio Dias Albuquerque, o Vilela, nascido em 01.01.1907, no Isidoro, distrito de Acopiara, filho de José Dias Bezerra e Julio Lopes Albuquerque. Aos 9 anos perdeu o pai e aos 13 a mãe e lhe coube a desafiadora missão de coordenar a sobrevivência dos irmãos Everaldo, Evaldo, Esmeralda,Perpétua, Edmundo, Zélia, Alaíde, Vilebaldo, Madalena e Helena, com os parcos recursos de que dispunham. Reconhece que foi muito difícil mas não faltou a solidariedade de Isidoro.Aos 28 anos casou –se, em 1935, com Maria Albuquerque com que viveu até 199. Foram 59 anos de lutas em comum.

Austero, simples, humilde, cordato, como toda gente do povo, Seu Vilela foi agricultor, pedreiro, tendo trabalhado na construção da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em 1925 mestre de moagem nos engenhos de rapadura de Acopiara, cobrador de impostos, oficial de registro e subdelegado. Como funcionário público foi escrivão do registro civil durante 26 anos, passando por suas mãos 18 mil registros, de 1951 a 1977, um feito sem dúvida notável. A razão de sua longevidade, motivo de orgulho e simpatia dos acopiarenses, está na sua disciplina de vida, mantendo os hábitos de uma vida saudável, sem os excessos. Católico praticante recorda com emoção dos tempos em que vinha a pé do Isidoro para Acopiara a fim de participar da festa da padroeira.

(*) JB Serra e Gurgel, (Acopiara), jornalista e escritor.

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JB Serra e Gurgel
Jornalista e Escritor
http://www.cruiser.com.br/girias
gurgel@cruiser.com.br


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