Boa madrugada, terça-Feira, 16 de Julho de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Fevereiro 2009

Avenidas dos ricos e dos pobres


A primeira casa nossa em Sobral foi o “palácio” do Bispo, como era chamado o velho sobradao que fora habitado por D.José. Fica à entrada da antiga rua Senador Paula, de frente `a Casa da Cultura antiga residência da família do saudoso secretario de agricultura de Parsifal Barroso, Chico Figueiredo.

À noite, desafiando as muriçocas, que eram vorazes, sentávamos- nos em cadeiras na calçada para receber visitas e trocar idéias. De frente, estavam as duas alamedas da Praça do S.Joao (onde fica o Teatro do mesmo nome). Eram a avenida dos ricos e a dos pobres. A dos ricos, era a da Ema, onde estava a ave que Agripino de Sousa,padeiro e poeta comprara para o jardim de sua bela casa à praça do S.Francisco e que ali não coube. Daí sua doação à prefeitura que a localizou na avenida, percorrida pelas moças e rapazes ricos e brancos. Pertinho da coluna onde se ouvia a amplificadora Radio Imperator. Ao lado, ficava a avenida dos pobres. Rapaz de sociedade que ali fosse, geralmente atrás de “cunhas”, assim se denominavam moças pobres, era malvisto e ficava logo manjado por suas notórias intenções.

O tempo passou na janela e fiquei adolescente. Que como todos os rapazes e moças freqüentávamos à noite aquela pracinha, detrás da Igreja do Rosário, acho que Mons. Linhares e depois a da coluna da hora, bem mais ampla. Não havia televisão. Os aparelhos de radio produziam mais ruídos que musica e noticias. A juventude ia passear na praça da coluna da Hora. As moças passeavam geralmente de duas ou em grupo, exibindo-se perante os rapazes que as observavam, de pé, fumando na calçada da avenida, à espera de um olhar da preferia.

Tenho a impressão de que foi ali na praça que levei fora de moça morena com sardas no rosto, pela qual estive perdidamente apaixonado. Como era tímido, passava, durante o dia, dez vezes pela rua onde ela morava, na esperança de que assomasse à janela.

Nunca trocamos uma palavra, tão inibido era eu. Uma vez, porem, criei coragem. “Fiz das tripas coração e a abordei no footing” da avenida. Não me lembra o que lhe disse exatamente. Ela,porém,o entendeu e me de um “chega pra lá”.dizendo-se “comprometida”. Não era noiva mas comprometida com um rapaz que estudava para o concurso do Banco do Brasil.

Foi triste a decepção. Nos meus 17 anos sonhava ser Papa, presidente da Republica ou governador do Estado. Pois bem. Era trocado por uma larva, uma expectativa de bancário que nunca se viabilizou. O cara encerrou o romance., da pior maneira,morrendo.Não noivou nem chegou a bancário.

Neste tempo, havia alto falantes que transmitiam, na praça, do alto do sobrado da farmácia das Irmãs Napoleão, a programação da Radio Iracema. Não saem de minha cabeça duas musicas que tocou, naquela noite, que eram Suburna e Valsa velha, tão boemia quanto seu cantor.

Os amos se passaram. Chegou 1978 quando fui candidato a suplente de senador na chapa de Chagas Vasconcelos, oportunidade fantástica de soltar, na praça publica. o grito contra a ditadura preso na garganta. Estava ali na praça da coluna da hora, no dia 15 de agosto quando me chega a noticia do nascimento de minha filha Sara. Ao saber do acontecido, Paulino de Rocha, homem de radio que apresentava os oradores, comunicou à multidão, ali reunida o nascimento da nova brasileira, pedindo, para ela, uma salva de palmas. E assim Sarinha, nasceu ante os aplausos da população sobralense.

Outros Blogs do Lustosa da Costa

http://sobralense.blig.ig.com.br/

http://sobralense.blog.uol.com.br/

http://sobralense.fotoblog.uol.com.br/index.html

Biblioteca Lustosa da Costa

http://biblioteca.sobral.ce.gov.br/index2.html\

(*) Lustosa da Costa (Sobral), jornalista e escritor.

Untitled Document

Lustosa da Costa
Jornalista e Escritor

                                            


:: Outras edições ::

> 2012

Outubro
30 anos de “Sobral de meu Tempo"
Setembro
Educandário S. José
Agosto
Hábitos antigos
Julho
Morrer não está com nada
Frio em Brasília
Sucesso com louras em Paris
Abril
Sucesso com louras em Paris
Maro
Lavar as mãos
Fevereiro
O quarto senador

> 2011

Novembro
Sem peúgas nem borzeguins
Setembro
Chagas, o bom companheiro
Agosto
Gente assim torna o mundo melhor
Julho
Tarcísio Tavares/TT, uma saudade
Maio
Os oitenta anos de Claudio Castelo
Junho
Nada de perseguição
Abril
Na Fazenda Pocinhos e no passado
Fevereiro
Guerra ao Carnaval
Janeiro
Tempo dos Retratos
Dezembro
Chico Romano da Ponte
Novembro
Última campanha
Outubro
Cidade Luz
Setembro
Oriano Mendes
Agosto
Educandário São José
Julho
Luiz Costa, meu tio inesquecível
Junho
Os Manguitos das Moças de Sobral
Maio
Um saudosista incurável
Abril
Bairrismo de Sobral
Março
A época dos “entas”
Fevereiro
Avenidas dos ricos e dos pobres
Janeiro
Uma Paula Pessoa de muita fibra
Dezembro
Setenta anos de bom carter
Novembro
Discurso só conciso
Outubro
Costa do IAPC
Setembro
O Bispo Conde
Agosto
Chico Romano da Ponte
Julho
Por que no fui
Junho
Mata o velho
Maio
Por que publicar livros



:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -