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Agosto 2014

O Ceará poderia ter tido mais um presidente: Juarez Távora

O Ceará teve dois presidentes da República: o ministro José Linhares (29.10.1945 a 21.01.1946) , presidente do Supremo Tribunal Federal, e o marechal Humberto de Alencar Castello Branco (15.04.1964 a 15.03.1967). Poderia ter tido mais um: o marechal Juarez do Nascimento Fernandes Távora (Jaguaribemirim, atual Jaguaribe) nascido em 1898, um dos lideres da Coluna Prestes , do tenentismo e da Revolução de 1930, junto com seu conterrâneo, Juracy Magalhães (Fortaleza) Em 1930, suas tropas cercaram o Rio de Janeiro e o comandante militar do Rio, general Arelano Passos, rendeu-se entregou-lhe a sua espada: afirmando ;

- o governo é seu!

Juarez que era um dos lideres da Revolução de 30, com muita expertise em levantes, conspirações, sedições e sublevações militares , limitou-se a dizer: - O comandante da Revolução é Getúlio Vargas. Ele está chegando do Rio Grande do Sul. Fosse outro, se tivesse ambição de poder, teria assumido o governo e se instalado no Palácio do Catete pois os revoltosos depuseram o presidente eleito, Júlio Prestes, que sucederia a Washington Luiz (1926-1930) Em 1955, disputaria a sucessão do presidente Café Filho, pela União Democrática Nacional-UDN, perdendo para Juscelino Kubitschek, Partido Social Democrático-PSD.

A trajetória militar de Juarez Távora começou aos 21 anos quando concluiu a Escola Militar do Realengo, em 1919, tornando-se aspirante. Em1924, participou da Revolução Paulista contra Artur Bernardes (1922-1926), sendo preso, julgado e condenado a três anos, perdendo a sua patente no Exército. Bernardes governou quatro anos, sob estado de sítio. Em 1926, já no governo Washginton Luis , rodou pelo Paraná e Rio Grande do Sul participando de levantes revolucionários, acabando por aderir ao comando do capitão Luís Carlos Prestes, na Coluna Prestes, que durante dois anos percorreu o interior do Brasil. Juarez desempenhou papel de destaque no comando da Coluna, até ser preso nos arredores de Teresina (PI). Em 1927, fugiu da prisão e passou a viver na clandestinidade. Em 1929 exilou-se na Argentina.

Em 1930, já de volta ao Brasil, dirigiu-se ao Nordeste, onde comandou a Revolução de 30 para impedir a posse de Julio Prestes, eleito para um mandato até 1934. Assumiu o posto de comandante militar do movimento revolucionário no Nordeste, foi aclamado “Vice Rei do Norte”. Seus seguidores usavam um lenço vermelho . Rompeu com Luís Carlos Prestes, que criticava o apoio dado à Getúlio Vargas. Com a posse de Getúlio\( 03.11.1930 a 29.,10.1945) foi ministro da Viação e Obras Públicas por um dia 04.11.1930 a 05.11.1930. Participava do chamado “Gabinete Negro”, grupo restrito que se reunia regularmente com Vargas no Palácio Guanabara, então residência do Presidente da República. Em janeiro de 1931 foi designado delegado militar junto aos dirigentes dos estados do Norte e Nordeste Nessa posição promoveu mudanças nas interventorias estaduais designadas nos primeiros dias do novo regime. No Ceará, nomeou Francisco Menezes Pimentel (Santa Quitéria) interventor. Em dezembro desse ano, por sua sugestão, a delegacia militar do Norte-Nordeste foi extinta. Ainda em 1931, participou da fundação do Clube 3 de Outubro, agremiação que buscava conferir maior coesão à atuação dos “tenentes” revolucionários.

Em 1932, combateu ao movimento Constitucionalista de São Paulo e foi nomeado para o Ministério da Agricultura ( 22.12.1932 a 24.07.1934) Como ministro, participou dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, entre novembro de 1933 e julho de 1934, Em 1934, retomou sua carreira militar. Em 1936, ingressou na Escola de Estado-Maior do Exército, concluindo seu curso em fins de 1938. Durante a Segunda Guerra Mundial tomou parte na organização da Força Expedicionária Brasileira (Feb).

Em 1945, rompeu com Getúlio Vargas e filiando-se à União Democrática Nacional (UDN), partido que se opunha à ditadura do Estado Novo. Em 1946, atingiu a patente de general. 1937, envolveu-se no debate em torno do petróleo brasileiro, defendendo a participação do capital estrangeiro em sua exploração . Em 1952 assumiu a direção da Escola Superior de Guerra (ESG). Em 1954 foi eleito vice-presidente do Clube Militar, ao mesmo tempo que apoiava o movimento que exigia a renúncia de Vargas. Após o suicídio do presidente, assumiu a chefia do Gabinete Militar do governo de Café Filho (24.08.1954 a 14.04.1955). quando foi lançado candidato a presidente da República pela UDN, perdendo para Juscelino Kubitscheck, Em 1962, elegeu-se deputado federal pelo estado da Guanabara na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC). Atuou na oposição ao governo do presidente João Goulart, e apoiou o golpe militar que o afastou da presidência, em março de 1964, embora não tenha participado diretamente das articulações. Com Castello Branco foi ministro da Viação e Obras Públicas (15.03.1964 a 15.-03.1967). Morreu em 1975, no Rio de Janeiro.

(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.

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JB Serra e Gurgel
Jornalista e Escritor
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gurgel@cruiser.com.br


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