Bom dia, quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Fevereiro 2013

Gente que nunca morreu nem tem inveja de quem morre

Acho que só mesmo os seguidores da religião islâmica não temem a morte. Aos que morrem em nome de Alah, a religião assegura 72 virgens. O Alcorão revela que o paraíso islâmico é sensual mas não fixa esse número de virgens para cada fiel. A Necrofobia – medo da morte ou coisas mortas - é doença antiga. Tem a Tanatofobia, a fobia do medo da morte. A palavra Tanatofobia vem do mito grego de Tanatos, divindade grega da morte. Tá lá no Google: “para o filósofo Jacques Choron existem três tipos de medo da morte: medo do que vem depois da morte (ligado as religiões, castigos, solidões, sentimento de culpa, etc.), medo do evento ou do processo de morrer (sofrimento prolongado, fraqueza, dependência, estar exposto e vulnerável, etc.) e medo do “deixar de ser” (é o mais terrível, é conflito entre o nada versus a continuidade após a morte, o não ser).”

Mas tem gente que não está nem aí, leva tudo na brincadeira, sem a menor prudência frente a perigos que possam prejudicar a vida. Em Fortaleza, um comerciante abriu um bar em frente ao cemitério Parque da Paz. E se diverte com o nome que escolheu para o seu negócio: “Olhando para o Futuro”.

Isso lembra a história que o Jorge Ferreira gosta de contar. Lá em Cruzilha, interior de Minas, tem um bar no caminho do cemitério, onde uma turma antiga assina o ponto. Um dia, Pernaiada não compareceu ao bar do Tiaozinho. Quando reclamavam sua presença, Pernaiada aparece num pequeno cortejo fúnebre, passando bem em frente ao bar. Uma das mãos segurando uma das alças do caixão, com a outra sinaliza pra turma da Opa: “pessoal vou levar a titia alí, mas volto já, já.”

Tem gente que não teme a morte, pensa que nem Jay Gatsby, de Scott Fitzgerald, que a vida é uma festa sem fim, em que todos continuamos jovens e ricos para sempre. Mas há os que se pelam de medo da morte. Em Mossoró, no Rio Grande o Norte, um monsenhor moribundo, recebe a visita de um jovem padre. Na ânsia de confortar o velho sacerdote, o jovem padre ensaia um mini sermão: “que bom! Finalmente, o senhor vai sair desse mundo pervertido, desigual, cheio de miséria, traições... Ainda bem que está chegando a hora do senhor partir para o lado de Jesus..” E antes que o padreco concluísse sua ladainha, o velho monsenhor suspirou: “Mas meu filho, acho Mossoró tão bonzinho!!! O monsenhor potiguar sabia que mesmo que a Bíblia nos estimule a perseguir a vida eterna, as escrituras revelam que só Deus possui a imortalidade. Ciente dessa nossa transitoriedade, não existe machão que não afine quando dá de cara com a morte.

Em Brasília, um funcionário do Senado, Cláudio Júlio Freitas Carneiro, levava a vida com muita displicência até que um dia o coração deu sinal de que precisava de cirurgia. Cláudio entrou em pânico, mas transformou o medo numa brincadeira. Mandou fazer uma laje tumular. Caso não fosse bem sucedida a tal cirurgia, estava lá a sua pedra de mármore, que ele passou a carregar no porta mala do carro. Exibiu tanto a sua lápide no restaurante Piantella que o jornalista Carlos Henrique de Almeida Santos decorou: “Sob a fria lousa/ Cláudio Júlio repousa/ Aliás em sua vida/ Nunca fez outra coisa.”

Como menciona Joanna de Angelis em várias de suas obras, o medo da morte resulta do instinto de conservação que trabalha a favor da manutenção da existência. Mas tem hora que a fraqueza da carne fala mais alto. É o Jorge Ferreira que volta à Cruzilha para lembrar o que aconteceu com dona Nicota, mulher do seu Geraldo Rôla. Era o ano de 1959. Dona Nicota andava sentindo dores esquisitas no pé da barriga. Em Belo Horizonte o médico descobriu um tumor no útero, não podia ter mais filho. Até ser submetida a uma cirurgia, nada de sexo. Naquele tempo, camisinha era roupinha de bebê; Não tinham inventado a pílula. Para evitar filho só mesmo a abstinência sexual. Transar naquela situação podia significar a morte. Seu Geraldo passou a se virar com as meninas do beco do Quebra-mole. Mas dona Nicota, que tinha a sensibilidade à flor da pele, não resistiu ao fogo da paixão que ardia dentro dela, dissolvendo sua racionalidade. Uma noite, bateu desesperada na porta do quarto do marido, que já se preparava para dormir. Bateu forte, que seu Geraldo se espantou: - que foi Nicota, que aconteceu, mulher? E ela, com o corpo formigando de desejo, só conseguiu sussurrar: “Eu quero morrer, quero morrer!!

(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista, leia também no blog Conversa Piaba: http://conversapiaba.blogspot.com.br/

Untitled Document

Wilson Ibiapina
Jornalista

                                            


:: Outras edições ::

> 2017

– Outubro
Cearês

– Setembro
Um cearense longe de casa:Debaixo de chuva, frio e neve

> 2015

– Novembro
Capado, mas muito macho

– Outubro
Capado, mas muito macho

– Setembro
Os chefes cearenses

– Agosto
Morreu Orlando Orfei Os Circos que alegraram nossas vidas

> 2014

– Setembro
Carlos Augusto, Ava Gardner e Fernando César

– Agosto
A praça é do povo como o céu é do Condor

– Julho
Rui Diniz, um português bem brasileiro

– Junho
Lembrando Tarcísio Tavares

– Maio
Os Paraquedistas da Política

– Abril
Zé Tatá, esse era macho

– Maro
A cidade de Ibiapina está sendo tombada

– Fevereiro
O Adeus a Flávio Parente

– Janeiro
Gente que nunca morreu nem tem inveja de quem morre

> 2013

– Dezembro
O Lançamento do livro do Bartô em ritmo de Facebook

– Novembro
Você ainda tem vergonha de pedir uma cachaça?

– Outubro
Ivanildo Sax de Ouro

– Agosto
A Imprensa nossa de cada dia

– Julho
No Ceará é Assim

– Junho
Lembrando Tarcísio Tavares

– Maio
Os Paraquedistas da Política

– Abril
Zé Tatá, esse era macho

– Maro
A cidade de Ibiapina está sendo tombada

– Fevereiro
O Adeus a Flávio Parente

– Janeiro
Gente que nunca morreu nem tem inveja de quem morre

> 2012

– Dezembro
-Oscar Niemeyer, o Amigo solidário que tinha medo da morte

– Novembro
-O uso do chapéu por cearenses A Elegancia do Chapéu

– Novembro
-Um paraibano que amava Sobral

– Outubro
-Operário da Justiça

– Setembro
-No Ceará é assim

– Agosto
-Ava Gardner e o cantor cearense Carlos Augusto

– Agosto
-Velha República: O presidente que exibiu o corta jaca no Catete

– Julho
- Pulando a cerca

– Junho
- Lúcio Paco Brasileiro no Espaço e no Tempo

– Maio
- As “MENINAS” de Brasília
- Um cearense na guerra

– Abril
- As “MENINAS” de Brasília

– Maro
- Os Chefs Cearenses

– Fevereiro
- O melhor Rei Momo do Ceará

– Janeiro
- Vamos exibir nossa cultura, sem vergonha

> 2011

– Novembro
- Ubajara que o tempo levou
Setembro
- Pega Pinto: uma bebida que refrescava os fortalezense
Agosto
- Pra onde vamos?
Julho
- Julho em Ubajara
Junho
- História do Ceará
Junho
- Pise no chão devagar
Maio
- O inventor de talentos que alegrava a cidade
Maio
- Jornalista, que profissão!
Abril
- O balão que iluminou Fortaleza
Maro
- O defensor da Natureza
Fevereiro
- Quando se vê, não tem mais tempo
Janeiro
- Vaidade que mata

> 2010

Dezembro
- O Ano Novo e suas ameaças
Novembro
- Os jardineiros de Brasília
Outubro
- Quando se vê, não tem mais tempo
Setembro
- Vamos comer farinha
Agosto
- Cearense anônimo, mas nem tanto
Julho
- Vamos Repensar o DF
Junho
- Cearense anônimo, mas nem tanto
Junho
- A morte do Augusto Pontes, o homem que brincava com as palavras. Foi-se o guru.
Maio
- O Tempo do Rádio
Abril
- Fortaleza: bela e amada cidade
Março
- Um recanto dentro da noite
Fevereiro
- Vale cultura
Janeiro
- A ltima do Portugus

> 2009

Dezembro
- Um presente para Fernando
Novembro
- Da caserna para o livro
Outubro
- Falta Garçon
Setembro
- Cidade sem cara
Agosto
- De quem é a floresta amazônica?
Julho
- Memórias de Tarcísio – O Repórter
Junho
- Esperança negra
- Apagando a cidade
- Novo Dinheiro
Maio
- No escurinho do cinema


:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -