Agosto 2011
Pra onde vamos?
O descuido com Brasília começa no
próprio GDF. A CEB, por exemplo, é
uma das empresas que não dá a menor
importância ao Plano Piloto. Se olhar
pra cima você vai ver a rede aérea com
um emaranhado de fios.
Todo brasiliense sabe que a rede subterrânea
com os postos iguais era marca
da Capital. Muitos desses dirigentes da
cidade chegaram aqui ontem e não têm o
menor compromisso com a preservação
das duas Brasílias, a do poder central e
a nossa, a dos moradores permanentes.
A Brasília do poder, todo mundo
conhece, está na mídia. Vou falar da
Brasília e suas satélites que enfrentam a
invasão do solo, o surgimento de novas
cidades, novos condomínios. Estão aí a
expansão do setor Sudoeste, a criação
do setor Noroeste. A cidade que prioriza
o uso do carro particular por absoluta
falta de um transporte coletivo digno.
Os empresários reclamam que os ônibus
dão prejuízo, mas eles estão com fazendas,
empresas de aviação e outros bens.
Quando se liga a TV ou se abre um jornal
estão lá os apelos publicitários para que
se compre um carro, sem entrada em
módicas prestações. O carro chegando
ao máximo do glamour, enchendo os estacionamentos,
engarrafando o transito
É como lembra o urbanista Fausto
Nilo: não adianta alargar as avenidas,
construir viadutos se o uso do solo
continua a provoca movimentos desordenados.
A cada dia aparecem novos
conjuntos residenciais, invadindo áreas
que já foram verdes ou destinadas a
praças, igrejas. Aquele cinturão verde
que separava as satélites de Brasília
e que era utilizado por
chacareiros que abasteciam
a cidade de frutas e
verduras é página virada.
E o pior é que as pessoas
vão perdendo a capacidade
de se indignar. Os
aventureiros continuam
chegando. Só falta o lenço
no pescoço e o revolver
no coldre. A ganância é a
mesma dos marginais do
faroeste americano. A pressa em ficar
rico acelera a especulação imobiliária
e a deformação da cidade. Como cidade
administrativa do país Brasília
não precisa de governador eleito nem
de deputados distritais. O que eles já
fizeram na cidade mostra que não são
eles que vão garantir a preservação
desse Patrimônio Cultural da Humanidade.
Não sabemos até quando o
tombamento vai garantir a qualidade de vida dos brasilienses.
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina) jornalista