Boa madrugada, quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Agosto 2014

A praça é do povo como o céu é do Condor (Castro Alves)

A praça do Ferreira já foi palco de tudo que você possa imaginar. Tudo que envolvia o povo de Fortaleza passava pela praça. Os políticos, músicos, artistas, camelos desempregados e intelectuais, cada grupo tem até hoje seu canto, sua roda de papo, um lugar para apreciar o movimento, como os paqueradores que se postam lá à espera que a brisa que sopra da praia levante as saias das mulheres. Essa praça foi o berço da opinião pública do Ceará. É nela que os problemas da cidade, do estado são discutidos desde o tempo em que a prefeitura era chamada de intendência e o estado de província. Só que o povão não tinha voz,, só podia ouvir

Meu saudoso amigo Alberto Santiago Galeno, advogado, contista, historiador e trovador, no seu livro sobre a praça do Ferreira, lamenta que o povo cearense tenha sido tão insultado, tão caluniado pelos escritores reacionários dos anos 20 e 30, como Gustavo Barroso e Gomes de Matos. Segundo o neto de Juvenal Galeno, para esses dois o povo era massa falida, ralé, massa ignara que só merecia o desprezo. Naquele tempo, os senhores do pode mandavam empastelar jornais, prender, surrar e matar jornalistas, tentando impedir a divulgação de fatos que achavam não deviam chegar ao conhecimento do povo. Mas como nem todos comungavam dessa cartilha, na manhã de um domingo de março de 1922, um grupo de intelectuais, tendo à frente o professor Euclides César, paraibano de nascimento, cearense por adoção,fundou uma Academia Polimática, a primeira e única do país, para levar conhecimento ao povo.

Durou apenas de 1922 a 1924, mas foi a mais democrática e eficiente de quantas academias já existiram no país. Essa academia não tinha estatuto, nem regras, muito menos preconceitos. A Polimática tentava chegar ao povo pra esclarecê-lo, educá-lo. O polímata é a pessoa que sabe muito, de tudo. O italiano Leonardo as Vinci é reconhecido como o maior polímata da história. Tinha habilidades em artes, engenharia, arquitetura, geologia, fisiologia, anatomia etc. No Brasil, são considerados polímatas Rui Barbosa, Gilberto Freyre, Mário de Andrade

No Ceará, o paraibano Euclides César, professor de línguas da Fênix Caixeiral fundou a Academia Polimática por achar que a cultura não devia ser privilegio das elites e sim um bem de toda a sociedade. A Academia Polimática de Fortaleza realizava suas sessões na praça do Ferreira. Os oradores, que não podiam ser aparteados, falavam sobre todo e qualquer assunto direto para o povo. Alberto Galeno conta que um dia Moesio Rolim representou “A ceia dos Cardeais”, de Júlio Dantas, correndo o risco de ser amaldiçoado pelo bispo dom Manoel, já que se tratava de obra condenada pela igreja.

A entidade, que chegou a reunir mais de dois mil filiados, criou um dia para homenagear as mulheres e cogitou pedir a substituição do dia da árvore pelo dia do jumento. A Academia acabou no dia em que seu fundador ficou doente. Quando se recuperou, a entidade estava morrendo. Os associados haviam debandado, alguns para o café Riche e o Maison Art Nouveau, ponto de encontro dos intelectuais na praça do Ferreira.

Mas o professor paraibano não saiu de cena. Foi liderar movimentos intelectuais e de protestos pela liberdade. É ainda o ex-presidente da Casa de Juvenal Galeno quem revela: “No dia 19 de agosto de 1942, Euclides César desfilou à frente de manifestantes protestando, na praça, contra os nazistas que afundaram navios brasileiros. O povo, tomado de fúria patriótica, pouco depois promoveu quebra-quebra de lojas de alemães, italianos e japoneses. O professor Euclides morreu octogenário em Fortaleza no ano de 1973. Poucos lembram hoje desse educador, idealista que fundou uma academia na praça do Ferreira destinada ao povo.

(*) Wilson Ibiapina (Fortaleza), jornalista, diretor do Diário do Nordeste em Brasília.

Untitled Document

Wilson Ibiapina
Jornalista

                                            


:: Outras edições ::

> 2017

– Outubro
Cearês

– Setembro
Um cearense longe de casa:Debaixo de chuva, frio e neve

> 2015

– Novembro
Capado, mas muito macho

– Outubro
Capado, mas muito macho

– Setembro
Os chefes cearenses

– Agosto
Morreu Orlando Orfei Os Circos que alegraram nossas vidas

> 2014

– Setembro
Carlos Augusto, Ava Gardner e Fernando César

– Agosto
A praça é do povo como o céu é do Condor

– Julho
Rui Diniz, um português bem brasileiro

– Junho
Lembrando Tarcísio Tavares

– Maio
Os Paraquedistas da Política

– Abril
Zé Tatá, esse era macho

– Maro
A cidade de Ibiapina está sendo tombada

– Fevereiro
O Adeus a Flávio Parente

– Janeiro
Gente que nunca morreu nem tem inveja de quem morre

> 2013

– Dezembro
O Lançamento do livro do Bartô em ritmo de Facebook

– Novembro
Você ainda tem vergonha de pedir uma cachaça?

– Outubro
Ivanildo Sax de Ouro

– Agosto
A Imprensa nossa de cada dia

– Julho
No Ceará é Assim

– Junho
Lembrando Tarcísio Tavares

– Maio
Os Paraquedistas da Política

– Abril
Zé Tatá, esse era macho

– Maro
A cidade de Ibiapina está sendo tombada

– Fevereiro
O Adeus a Flávio Parente

– Janeiro
Gente que nunca morreu nem tem inveja de quem morre

> 2012

– Dezembro
-Oscar Niemeyer, o Amigo solidário que tinha medo da morte

– Novembro
-O uso do chapéu por cearenses A Elegancia do Chapéu

– Novembro
-Um paraibano que amava Sobral

– Outubro
-Operário da Justiça

– Setembro
-No Ceará é assim

– Agosto
-Ava Gardner e o cantor cearense Carlos Augusto

– Agosto
-Velha República: O presidente que exibiu o corta jaca no Catete

– Julho
- Pulando a cerca

– Junho
- Lúcio Paco Brasileiro no Espaço e no Tempo

– Maio
- As “MENINAS” de Brasília
- Um cearense na guerra

– Abril
- As “MENINAS” de Brasília

– Maro
- Os Chefs Cearenses

– Fevereiro
- O melhor Rei Momo do Ceará

– Janeiro
- Vamos exibir nossa cultura, sem vergonha

> 2011

– Novembro
- Ubajara que o tempo levou
Setembro
- Pega Pinto: uma bebida que refrescava os fortalezense
Agosto
- Pra onde vamos?
Julho
- Julho em Ubajara
Junho
- História do Ceará
Junho
- Pise no chão devagar
Maio
- O inventor de talentos que alegrava a cidade
Maio
- Jornalista, que profissão!
Abril
- O balão que iluminou Fortaleza
Maro
- O defensor da Natureza
Fevereiro
- Quando se vê, não tem mais tempo
Janeiro
- Vaidade que mata

> 2010

Dezembro
- O Ano Novo e suas ameaças
Novembro
- Os jardineiros de Brasília
Outubro
- Quando se vê, não tem mais tempo
Setembro
- Vamos comer farinha
Agosto
- Cearense anônimo, mas nem tanto
Julho
- Vamos Repensar o DF
Junho
- Cearense anônimo, mas nem tanto
Junho
- A morte do Augusto Pontes, o homem que brincava com as palavras. Foi-se o guru.
Maio
- O Tempo do Rádio
Abril
- Fortaleza: bela e amada cidade
Março
- Um recanto dentro da noite
Fevereiro
- Vale cultura
Janeiro
- A ltima do Portugus

> 2009

Dezembro
- Um presente para Fernando
Novembro
- Da caserna para o livro
Outubro
- Falta Garçon
Setembro
- Cidade sem cara
Agosto
- De quem é a floresta amazônica?
Julho
- Memórias de Tarcísio – O Repórter
Junho
- Esperança negra
- Apagando a cidade
- Novo Dinheiro
Maio
- No escurinho do cinema


:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -