Dezembro 2009
A Flor do Araguaia
Por Frederic Pinheiro Barreira (*)
Navegvamos em um pequeno barco, eu, dois amigos e o piloto, nas proximidades de Luiz Alves, Gois, em busca do melhor lugar para a pesca.
Contemplvamos a exuberante paisagem das margens do rio Araguaia...
Um bando de bigus pretos a voar e um casal de flamingos rosas a caminhar na praia: - lindos!...
Mais acima, depois da entrada de um grande e belo lago, o chamado "Lagoo", formado pela invaso das guas do Rio sobre a cobertura vegetal das fazendas da regio, avistei a imensido de guas doces, a se perder no horizonte azul.
Ancoramos o barco e comeamos a pescar,
Tudo transcorria bem e o ritual da pesca era emocionante.
Os peixes fisgados resistiam bravamente, para no sarem do seu paraso aqutico,
Mas, em sua maioria, eram levados ao barco, como verdadeiros trofus, erguidos com um brinde de cerveja bem gelada.
O sucesso da pescaria, a beleza da paisagem que nos circundava,
Toda aquela natureza parecia nos pertencer.
Eu sentia uma maravilhosa sensao de liberdade, estava feliz...
Na volta para Luiz Alves, na trilha dgua estreita e sinuosa, o barco deslizava sobre a relva submersa,
Fiquei a pensar na importncia da natureza, na vida, nos seus contrastes,
Indaguei-me: - porque os bigus, de plumagem negra, quase sempre molhados, pareciam feios, enquanto os flamingos rosas eram elegantes e de rara beleza...
Conclu, sem pensar muito, que a natureza que Deus criou assim mesmo: o feio e o belo que fazem a diferena aos nossos olhos,
Pensei, ainda: ser que os bigus se acham feios?...
Acredito que no, pois andam sempre em bandos, unidos, so alegres pescadores e se acasalam com o mesmo calor de outras espcies de aves tidas por ns como belas,
Conclu, enfim, sobre os bigus: talvez eles tambm nos achem esquisitos...
Mas o barco continuava a deslizar suavemente sobre a estreita trilha dgua,
De repente surgiu um pntano, enlameado e cinzento,
Havia muitos cips e galhos mortos, retorcidos...
A natureza pareceu-me, ento, triste e sem graa,
A, pensei que a vida, assim como a natureza, no podia ser sempre alegre e bela,
Mas, para minha surpresa, no meio do pntano, avistei em uma pequena rvore de folhas verdes escuras, um verdadeiro buqu de flores amarelas, lindssimas, talvez at por se destacarem no meio daquela paisagem cinzenta. Fui tomado por grande emoo.
Tambm por achar, que no meio da paisagem inspita posso encontrar lindas flores.
Ento, olhei para o cu e pedi a Deus e aos homens que preservem o Araguaia e tudo que compunha aquele magnfico cenrio;... e compartilhei a felicidade daquele momento com todas as pessoas que amo.
(*) Frederic Pinheiro Barreira, filho de Luciano Barreira