Julho 2014
Sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor
A acachapante, tonitruante e humilhante derrota do Brasil por 7 x 1 para a Alemanha, na semi final da Copa nos livrou de muitas outras vergonhas, que certamente nos cobririam caso o hexa caísse nas nossas mãos. Temia eu, na solidão de minha vida, que o hexa apagasse a outra goleada que a FIFA e os “empreiteiros FiFa”, os “governantes FIFA” impuseram ao bravo povo brasileiro, os 200 milhões em ação que , empolgados, cantavam o refrão que titula esta nota.
Não bastaram o atendimento das exigências FIFA, com isenções fiscais, licitações dirigidas e sem controle, , financiamentos do BNDES a rodo, seguranças eletrônica e digital, policiais cibernéticos, soberania exclusiva e ostensiva nos seus espaços, com imunidade diplomática. Só falta a FIFA ser uma nação independente com assento na ONU...
Luis Felipe Scolari assumiu o ônus do desastre, no campo esportivo. Pôs nas costas o peso do fardo que levará ao túmulo com seu fiel escudeiro Murtosa. Em 90 minutos, foi de herói a vilão de genial a burro, na aldeia global,
Alguns jogadores choraram por decepção, desonra, incompetência, imaturidade, desespero.
Os homens da CBF não se abalaram, na inexpugnável fortaleza da Barra. Nem os ex-donos, nem os futuros donos, nem os pretensos donos, da corja dos mensaleiros, figurinhas carimbadas do “tráfico esportivo” e que poderiam ser hospedes de luxo em Bangu, de 1 a 10.
Os senhores da FIFA que humilharam . sacanearam e obrigaram o país a adotar o “padrão FIFA” nos estádios, com um furioso superfaturamento, no luxo do Copacabana Palace e no lixo da Match . Muitos estádios serão uteis. Outros virarão esqueletos. Os mesmos senhores que obrigaram os brasileiros a financiar as “fan festas FIFA”, os seguranças privados, os voluntários, inclusive os que ficaram nos estádios de costas para o campo , dando-lhes uniforme, comida, transporte, banheiro. Todos seguiram impávidos o colosso que armaram para divertir a macacada.
Os empreiteiros e intermediários da corrupção nos estádios nunca foram incomodados nem chamados às falas. Num pais serio estariam todos presos. Mas continuam em liberdade e livres para roubar e saquear o país do sonho Bolivariano!.
A Globo e a Band são partes do vexame, da catástrofe, do desabamento. A lona do circo caiu sobre eles. Seus patriotas narradores , comentaristas amestrados e repórteres sucumbiram. Ocuparam todos os espaços do circo, vendendo enganos e ilusões, a serviço do oficialismo. O Sport TV, da Globo, conseguiu naufragrar na Ilha Fiscal, onde o baile alemão afundou o Império global, com dezenas de comentaristas semianalfas e analfas funcionais. A Globo faturando dez vezes mais do que a Band, a Fifa dez vezes que os empreiteiros e a Globo.
Os brasileiros, principalmente os puros de coração, choraram com a humilhação .e a decepção. O Mineiraço de 2014 apagou o Maracanaço de 1950. Foram os que abraçaram a seleção com carinho e amor. O choro e a dor deixaram todos arrasados e desnorteados. D. Patricia Poeta resumiu: os torcedores fizeram bonito.
Os imundos pagaram o ônus com xingamentos, agressões, etc; Acharam que a ausência das manifestações na Copa absolvia todos os desmandos praticados e que continuariam impunes e fétidos. Não se deram conta que era uma trégua, entre a paz e a guerra.
O outro lado da derrota seria o igualmente complicado.
Como aturar Galvão Bueno do Brasil, que comandava o país durante os 90 minutos dos jogos da seleção, enfeitando o pavão com suas palavras de ordem? Como aturar um exército de narradores, apresentadores, comentaristas, repórteres, ex-jogadores e ex árbitros? Todos já se consideravam hexas, senhores dos anéis, dos dedos, da razão pura, da física quântica? Todos faziam a apologia do fútil e do inútil,
Nos livramos de ver os jogadores subindo a rampa do Planalto, agraciados com aposentadorias vitalícias. Dando cambalhotas, de serem adulados e bajulados no Parlatório, homenageados pelos anões de paletó e sem caráter da Câmara e no Senado, nos palácios dos governos estaduais e prefeituras, nas carreatas e passeatas políticas, desfiles em carro aberto, dos bombeiros, nas cidades natais dos atletas, alguns seriam obrigados por patrocinadores irem de boné ao Jô Soares, ao Sergio Groissman, a Fatima Bernades, ao Faustão, ao Ratinho, a intermináveis entrevistas “ao vivo” com Galvão, Bonner e Poeta.
Os jogadores que chegaram ao ápice do estiloso, com seus penteados, brincos de brilhantes,e personal manicure pedicure e tatuadores . Alguns chegavam a fazer a virilha... Muitos orgulhavam-se de seus performances com óculos e roupas para se exibir e postar no “ face” e no instagram . Usaram e abusaram do twiter. Exibiam, como troféus, suas chuteiras coloridas e alguns suas chuteiras de cores diferentes,
Muitos conseguiram que suas vidas fossem devassadas, seu passado de dor e sofrimento, de angustias e esperanças se contrapondo a um presente de ostentação, riqueza, que vai da casa doada a mãe e aos irmãos desvalidos aos palacetes , casas e apartamentos em condomínios fechados, com banheiras, duchas, churrasqueiras, frequentados por uma coleção de piriguetes, popozudas tão maluquetes quanto doidetes...
Não pensem que o legado da Copa vai mudar o Brasil e o futebol. Vai piorar. FiFa, CBF, ladrões, agentes, dirigentes de federações e clubes, televisões e empresários continuarão como pulhas e sanguessugas dando as cartas.
(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.