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Outubro 2017

Camaleões à solta

Eles não gozam da simpatia do Homem. Feios, repelentes pele rugosa mas ocupam destaque especial no folclore e na crença dos povos primitivos. Segundo os Cafres habitantes da Cafrária, antigo nome de uma região da África do Sul, o deus Supremo, Unculumculum, mandou aos homens uma mensagem: - “Não Morrerás” desgraçadamente confiou-a a um lagarto. Tanto o camaleão demorou no caminho, tanto se atrasou em entregá-la, chegou tarde demais, e foram os homens condenados a morrer. Conta-se que, famoso Rei foi punido, condenado a viver muitos anos na forma de um Camaleão. E o deus da riqueza precisando fugir, tomou também o aspecto do repugnante lagarto numa prova de que desde os velhos tempos corre a fama do camaleão de ser astuto, dissimulado, hábil em manter as falsas aparências.

Por sua peculiaridade de ficar muito tempo na imobilidade, e sem se alimentar, se espalhou a noticia de que o camaleão se alimentava de raios solares. Mais um ardil para justificar a sua ociosidade, o tempo de letargia no inverno e no verão, se escondendo sob a vegetação.

A característica notável do camaleão é sua língua clavifor- me, em forma de Clava, mais grossa em uma das extremidades, coberta de secreção viscosa e elástica que se distende e pode se lançar a uma distancia igual ao comprimento do corpo, usando-a como uma arma, lançando-a longe para abater o possível incauto. Com os grandes olhos estufados, engana o adversário com a ca- pacidade de tudo perceber. É que um olho pode estar numa certa direção enquanto o outro se volta no sentido oposto! Artimanhas de um grande dissimulador. Com a extrema facilidade de mudar de cor, copiando o colorido do que lhe está mais próximo, um tronco um arbusto, a folhagem, a vegetação.

De dia o camaleão toma emprestadas as variedades do verde, se mimetizando quando a luz incide diretamente na vegetação. De noite, mentiroso e hipócrita troca a vestimenta conforme o lugar por onde passa. E toma a coloração parda, negra ou bran- ca, amarela, comprovando a sua habilidade em se fantasiar.  E copiando, imitando, fingindo, falseando, vai tomando a cor de uns, de outros, o matiz, o reflexo, se associando ao que toca, tentando se igualar. E com tal aptidão, que ninguém lhe descobre a farsa, o embuste, a vilania.

Mas o camaleão não muda a cor da pele tão-só sob a influ - ência dos agentes externos, sombra, luz, frio, calor. Excitado, sob a ação do medo ou da raiva, sob qualquer emoção muda de cor o embusteiro, e sai alardeando nos bosques, na floresta, a beleza que não tem,  o colorido usurpado que a sua pele rugosa jamais ganhou da natureza mãe.

Ah! A paisagem política... Ah! O colorido da televisão, o alarido do rádio, o barulho e a vibração nas praças públicas... Essas carreatas coleando pelas ruas e avenidas como se houvesse uma permanente festa! Tremulando as bandeiras coloridas, ten- tando angariar a simpatia de muitos... Ah! Esse riso afivelado ao rosto, quase um Ricto, esses gestos largos, essas palavras cheias de arroubo! Esses braços erguidos numa sucessão de gestos tresloucados, esses rostos vermelhos, cheios de verdade, essas frases pomposas, enraivecidas!

Essa interminável ladainha de soluções de concessões, essa facilidade de tudo resolver e de a todos a satisfazer! Esse profundo conhecimento dos problemas, a carestia, a fome, a infância abandonada, as escolas fechadas...

Esse protesto irado, gritado, gesticulado, essas bandeiras coloridas contra as desigualdades, contra a miséria, contra o desemprego, contra a falta de oportunidade, distribuindo com igualdade os direitos...

Ah! A Língua distendida a distancias imensas,  querendo ganhar, o incauto, o eleitor, o ingênuo, o desprevenido, sua presa desavisada!

Cuidado!

Ah! Que se cuide o povo!

E Vigie, e fique alerta! Andam à solta os Camaleões!

(*) Regina Stela (Fortaleza) jornalista e escritora.

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Regina Stella S. Quintas
Jornalista e Escritora
studartquintas@hotmail.com

                                            
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– Outubro
Camaleões à solta

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Um instante de Solidariedade

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Coronel Chichio

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Seca: a tragédia se repete
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Em velha trova do tempo. Trinta dias tem setembro. Abril, junho, novembro...
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