Nascer em uma
família de grandes
homens e mulheres
é prêmio do acaso,
bênção do destino;
a ela pertencer por
escolha e decisão é
acontecimento que
ilustra, registro que
enobrece. Assim foi
comigo, quando me casei, em 1979, com Ana Maria
Araújo Escórcio, que me deu, por afinidade, um tio que
se transformou em amigo fraterno e referência modelar:
Francisco Olavo Pimenta Araújo, cujos 70 anos, a que
luminosamente chega, são festejados por todos que temos
a honra da sua afeição e o privilégio do seu convívio.
Dos pais, Maria José e José Olavo, recebeu o aniversariante
um exemplo e uma lição: exemplo de generosidade
humana e de riqueza espiritual, lição de conduta ética e
de amor ao próximo. Filho dedicado e irmão carinhoso,
Olavo Pimenta era, desde menino, consciente de que recebera
dos pais o legado maior da boa educação, do rigor
moral e da decência absoluta, herança depois transmitida
à família criada com Audércia. Esses, os instrumentos
com que abriria os caminhos para um futuro de realização
humana e de êxito profissional.
Economista de renome, hoje aposentado, destacou-se
como alto executivo de empresas no ramo da metalurgia
e da siderurgia, área em que brilhou pela riqueza dos conhecimentos
e pela qualificação técnica. Ao longo da sua
vitoriosa carreira, conquistou a admiração dos colegas e o
respeito público, pelo modo com que sempre deu o melhor
de si ao trabalho que fez. Na intimidade da família e na
convivência com os amigos, exerce como poucos a arte
prazerosa da conversa, da narração de casos, do resgate
de lembranças, obrigatoriamente temperados pela visão
filosófica e pelo bom humor incomum com que sabe viver
a vida. São encontros dos quais todos saímos melhores,
graças à inteligência e à alegria que dele fazem uma presença
que não cansa nunca.
A par da formação acadêmica, Olavo também se distinguiu
como excelente atleta, convocado para a Seleção
Brasileira Universitária de Basquete, pela qual se sagrou
campeão latino-americano em 4 de outubro de 1962, na
final contra Cuba, em Havana. Desse jogo há uma bela
foto, um flagrante histórico: Fidel Castro no poder havia
apenas três anos desce à quadra para conversar com
jogadores e dirigentes brasileiros. No centro, à esquerda
do Comandante, encontra-se Olavo Pimenta, os olhos de
admiração e de fascínio a contemplar o guerrilheiro que já
começava a se fazer mito; depois vêm Pedro Ives Simão,
Ferrugem, Valdemar Blatskawska e Ary Vidal, futuro
treinador das seleções brasileiras masculina e feminina
de basquete.
Por completar, exatamente naquele dia, 21 anos de
idade, o cearense ganhou de Fidel a boina que compunha
o uniforme do revolucionário de Sierra Maestra. Presente
valioso que o aniversariante teve, mais tarde, a infeliz ideia
de emprestar a um “amigo”, para nunca mais recebê-la
de volta...
Passados 49 anos daquele momento inesquecível, Fidel
já não é o mesmo, sem a saúde com a qual gostaria de
eternizar-se no poder; Francisco Olavo Pimenta Araújo
festeja o septuagésimo aniversário com a alegria de viver
que lhe é própria, em meio ao afeto da família e ao bem-
-querer unânime dos amigos. A ele, o reconhecimento e
as homenagens a que tem direito, pela grandeza humana com que faz o mundo melhor e a vida mais bela.
(*) Edmilson Caminha (Fortaleza), escritor