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Setembro 2008

O Bispo Conde


Dom José Tupinambá da Frota controlou a Igreja Católica em Sobral,durante cerca de cinqüenta anos,primeiro como vigário geral da diocese depois como seu primeiro bispo, preservando os fieis das tentações da maçonaria,do espiritismo,do comunismo e das alegrias do sexo,disputando ainda a liderança política da cidade com o eterno rival,o juiz e industrial Jose Saboya de Albuquerque.

O bispo que,em determinada época, chegou a se assinar Bispo Conde de Sobral, não deixou marca apenas de grande realizador de obras materiais na cidade ,mais importantes que todas as outras de responsabilidade de lideres políticos locais, foi também o antistite, apegado às honrarias e às insígnias do posto,às exigências da liturgia e às imposições da hieraquia.

Ele gostava de se trajar,com vestes de bispo,cheio de arminhos,levando, ao tórax, cruz pastoral de ouro e à mão báculo dourado, indicações de sua importância e da reverencia que sua posição exigia..

Ajoelha,cabra

Dom José exigia muito respeito às formalidades. Quando em visita à Secretaria do Interior e Justiça, ainda sob a ditadura, D. José foi cumprimentado com um aperto de mão pelo porteiro ou contínuo Fialho. Não gostou e, empurrando-o levemente, ordenou: “Ajoelha, cabra”. É que, naquele tempo, a gente se ajoelhava para beijar a mão do bispo. E D. José não dispensava tal tipo de homenagem.

A um bispo não se chama

Certa vez, depois de despachar no Banco de Crédito Popular com seu dirigente, saiu apressado. Seu presidente, José Modesto Ferreira Gomes, um dos esteios da religião, construtor da Igreja do Sumaré, lembrou-se de que ainda havia um assunto pendente, dependendo de sua decisão. Elevou então a voz para deter o antístite, que ia apressado. “A um bispo não se chama”, disse ele, repreendendo José Modesto Ferreira Gomes, que o chamara em vão, quando conseguiu alcançá-lo . É que o bispo continuou andando, como se não o estivesse ouvindo, mesmo depois de ele haver alteado a voz.

O padre Tiburcio Gonçalves de Paula,que morou em sua companhia do “palácio do bispo” testemunhou cena que bem define sua preocupação com a hierarquia:

Certa feita, um sertanejo assim o abordou:

“Senhor bispo!”
“Suba mais”
“Vossa Reverendíssima”
“Suba mais”, ordenou dom José.
“Vossa Excelência Reverendíssima”

O antístite ficou, enfim, satisfeito:

“Assim é que se trata um bispo
***Magister dixi

Dom José foi,desde cedo, admirado como aluno exemplar seja na Bahia seja no Vaticano onde se doutorou e como homem de cultura privilegiada , exaltada pelos colegas de episcopado. Por isso, gostava do “magister dixit” e não admitia contestação. O único sacerdote que dele discordava ,e isto na presença dos outros,e por isso merecia seu respeito não sua estima, era Expedito Lopes que foi assassinado,depois,como bispo de Garanhuns por sacerdote de sua diocese pouco ligado no voto de castidade que jurava e no celibato que não respeitava. Basta ver como ambos de comportam em discussão sobre determinado dispositivo do Direito Canônico.

O estadista

Dom José Tupinambá da Frota foi o maior homem publico de Sobral, capital da civilização do couro,instalada no Ceará,Nordeste brasileiro. Superior,em serviços prestados à cidade, que os politicos contemporâneos José Saboya e Chico Monte,pela grandeza dos beneficios que implantou e que até hoje servem à comunidade. Como a Santa Casa de Misericordia, posteriormente reformada e modernizada pelo padre José Linhares,para servir a mais de cinquenta municípios da regiao norte do Estado. O Seminario Diocesano que formou a elite da Princesa do Norte, principalmente a que fundou e deu os melhores professores à Universidade do Vale do Acarau, e cujo predio principal ainda hoje abriga sua Reitoria. Foi instalada pelo historiador padre Sadoc de Araujo e teve periodo de grande expansão quando sob o comando do professor Teodoro Soares, ex-seminarista ali.Como os Colegios Sobralense para rapazes e Santana para moças.O Patronato para ensinar às moças pobres. O Abrigo ,fundado com o objetivo de acolher velhos pobres e desamparados.O jornal “Correio da Semana” ainda hoje em atividade e que foi fundado também para lhe dar sustentação às campanhas politicas. O Museu que guarda,inclusive,o testemunho do fastigio e da riqueza da região,no auge do prestigio da pecuaria. Nao mais existe o banco que fundou e que terminou seus dias sob o controle do exportador Manuel Machado da Ponte.

Para realizar tanta coisa, nao foram suficientes os recursos da Diocese e até os de sua fortuna pessoal também empregadas. Precisou exercer muita influência política para arrecadar meios de que precisava para executar seu gigantesco programa de obras publicas. isto o levou à intensa participação nas disputas da vida publica da cidade e a polemicas ferozes. Dai os atritos com o jornalista Deolindo Barreto,diretor de A Lucta contra cuja leitura e mera assinatura instituiu pecado mortal. Rival seu foi outro aristocrata, José Saboya de com quem viveu às turras, apoiando seu ex-aliado e adversário Chico Monte. Até que,no fim da vida, deste se afastou para ajudar o pupilo querido,padre José Palhano de Saboia a conquistar a prefeitura municipal.

Era também, com mão de ferro, que controlava os costumes,os trabalhadores e defendia a religião católica a que atribuída o monopolio de ingressos no céu.

O Bispo era ativo defensor da moral da epoca e de seus ditames a ponto de ficar, vigiando da janela do sobrado que habitava a que horas os folioes deixavam os bailes da carnaval do Tabajara Clube, se dele saiam à meia noite de terça feira ou se continuavam na gandaia até a manha da quarta feira de cinzas.

Por isso,os padres tinham de manter cerrada vigilancia sobre os decotes nas mulheres que tinham ingresso no tempo, contra o Carnval dos clubes e o “coco”dos suburbios. Dançar o carnaval mesmo ao lado da mulher era pecado que os membros da Congregação Mariana,como Raimundo machado,posteriormente rei da cera de carnauba no Estado e José Valeriano Dias expiavam com expulsão publica da entidade.

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Lustosa da Costa
Jornalista e Escritor

                                            


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