Maio 2010
Acopiara – O centenário de Alcebíades da Silva Jacome
A família de Joaquim Jácome Silva no Ceará se estruturou a partir de quando ele veio transferido do Exército, do Acre, para o Ceará, fixando-se em Senador Pompeu.
Conheceu Maria Cecília Elpídio, alta, morena clara, apaixonou-se e casou, nascendo desta união: Aluísio, 1902, Acrísio, 1907, Carminha, 1908, Alcebíades, 1909, Luzia, 1910, e Fransquinha, 1912.
Joaquim faleceu em 1914, deixando a família no desamparo. Tempos bicudos.
Maria Cecília, cinco anos depois, casou-se com o tabelião Raimundo Viana. Engravidou e morreu de parto de Maria Cecília Elpídio, nome também dado à menina.
Os filhos, sem pai e sem mãe, foram morar com os tios, Aluisio foi viver com o tio Francisco, em Lavras da Mangabeira, conhecido por Quinho, que o maltratou. Mudou-se para Lages, que ficava entre Telha e Senador Pompeu, e foi embora para o Rio de Janeiro.
Acrisio foi para a casa de seu Antonio (Tó) Henrique da Silva e Minervina Gurgel, em Lages, Alcebíades para a casa de Julio (Tó) Elpídio da Silva e Antonia Gurgel, sendo que aos 13 anos começou a trabalhar como caixeiro na loja de tecidos de Francisco Guilherme.
Carminha e Fransquinha ficaram em Senador Pompeu morando com uma tia, Eliana, irmã de Maria Cecília. Já Luzia foi adotada pela avó materna.
Alcebiades cresceu em Lages, depois Acopiara, e acabou casando com Teodolina (Teó) Gurgel Guilherme, filha de seu patrão, Chico Guilherme e Almerinda Gurgel Guilherme. Ela estava noiva de João Holanda Lima, comerciante vindo de Tauá, sendo obrigada a terminar o noivado por ordem do pai.
Do casamento com Teó, nasceram Francisco (1934), Célia (1935), José (1938), Alcebíades (1940). Almerinda, Maria Selma (1943), Bernadete (1947) Maria Almerinda (1950) e Miguel (1954).
Com múltiplos negócios em Lages, Chico Guilherme não se importou em passar a sua casa comercial de tecidos e miudezas para o seu genro, Alcebíades. Também ajudou na construção da residência.
Religioso, Alcebíades tornou-se freqüentador assíduo das festas organizadas pelo padre João Antonio de Araújo. No comércio, Alcebíades veio a ser fundador e presidente da Associação Comercial.
Seus filhos são unânimes nas considerações sobre suas qualidades de dignidade, honradez, humildade, caridade, brincalhão, firmeza de caráter. Fortaleza nas adversidades e paixão pela vida. Seu filho mais velho, Francisco, conhecido por Jaile, ex-seminarista, afirma: “Meu pai para mim foi exemplo de vida e santidade”.
Almerinda – “papai viveu para o bem. Ajudava as pessoas com desprendimento. Vendia fiado, mesmo sabendo que as pessoas não podiam pagar. Sentia-se feliz quando trazia para sentar à mesa alguma pessoa para almoçar com ele, mamãe e os filhos”.
Célia conta – “papai tinha uma grande preocupação quando algum de seus filhos adoecia. Chegava a ir três vezes em casa durante o dia, levando guaraná champagne e biscoito, levando conforto e nos animando; Nossos aniversários eram festivamente comemorados com bolo e parabéns”.
Selma lembra – “papai acordava cedo, levantava e acendia o fogo do fogão de lenha e colocava chaleira para ferver água e fazer o café. Geralmente cantava e se recorda de uma musica: “Meu Deus que horror! Meu Deus que aflição! Mataram uma caboquinha no caminho da estação”.
Seus filhos homens cedo deixaram a casa paterna. Francisco foi para o Seminário do Crato, concluindo o Seminário Menor e passou a Fortaleza para fazer o Seminário Maior, mas deixou indo tentar a vida no Rio de Janeiro, depois Volta Redonda, onde se fixou. José foi para o Seminário Franciscano de Canindé, mas logo deixaria e foi para o Rio de Janeiro. Alcebíades não estudou no Seminário e acabou também indo para o Rio de Janeiro. Miguel teve uma passagem curta pelo Rio de Janeiro, mas retornou á Acopiara, seguindo a profissão do pai, como comerciante, não de tecidos mas na área de supermercado.
JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.