Bom dia, quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Julho 2013

O último apito do trem que passava por Acopiara

Qual a cearense que não tem saudade do trem de ferro que ligava Fortaleza ao Crato e a Sobral? A saudade não é só dos ferroviários, dos passageiros, do comércio, da indústria e da agricultura? O trem que era recebido com festa em cada estação, recepcionado por moradores com aceno de mãos à margem da linha férrea. O trem que levava crianças e idosos, os nossos Raimundos de todos os nomes, joões, josés, Manueis, joaquins e marias de todas as espécies. O trem com os agentes e condutores elegantes, os maquinistas acionando o apito na chegada e na saída. O toque do sino. O trem que tinha um carro restaurante, que reunia a 1ª e 2ª classe, na hora da comida. O trem que levava alegria e deixava saudade. O trem que era o meio de transporte do pé chinelo e do ricaço. O trem que se espichou no Ceará com trilhos e dormentes fincados pelos flagelados famintos e sedentos nas secas do sec XIX.

O Ceará chegou atrasado a ferrovia que surgiu na Inglaterra em 1825, ligando Stokton a Darlington. O Brasil também. A ferrovia surgiria em 1864, com a inauguração da ferrovia que ligava a praia da Estrela, hoje Magé, na Baia de Guanabara, a Raiz da Serra em Petropolis, feita pelo Barão de Mauá, com seu dinheiro. Dom Pedro II recusou cortar a fita.

Para se ter uma dimensão do trem recomendo assistir o documentário “O ultimo apito”, de Aderbal Nogueira, que me enviou Pereira Lima, agente da estação em Acopiara, Iguatu, Amaro Cavalcante, J.Nogueira, Pacatuba e Otávio Bonfim, que hoje mora em Fortaleza e que ainda guarda em sua casa o telégrafo que usava na estação para se comunicar, em Morse, com seus colegas chefes de estação, em rede interna, precursora da intranet, atual. Diz Wilson Ibipiana que num pega entre a internet e o Morse que é do século XVIII, o Morse ganha. O filme é emocionante, cortante, pungente. Narra o assassinato do trem no Ceará, transformado em instrumento de pobreza e retrocesso, em nome dos estradeiros, dos empresarios e ônibus e caminhões e da visão de avestruz dos governos. Os depoimentos de Assis Lima e Hamilton Pereira são ricos.

Em 1870, o senador Tomas Pompeu de Sousa Brasil, o Barão da Ibiapaba ( Joaquim da Cunha Freire) o Barão de Aquiraz (Gonçalo Batista Vieira), o ingles Henrique Brocklehurst e o engenheiro José Pompeu de Albuquerque Cavalcante constituíram a empresa Estrada de Ferro de Baturité-EFB, com objetivo de ligar Fortaleza a Pacatuba e Maranguape, a fim de escoar a produção agrícola, com bitola de 1 metro, declividade máxima de 0 m, 020 e o rádio mínimo de 130 metros.

Em 1872, em 20 de jan, as obras foram iniciadas Os trilhos vieram de Liverpool, e em 14 set de 1873 foi inaugurado o seu primeiro trecho de 7,2 km de Fortaleza a Arronches, hoje Parangaba. Em 1875 chegou a Maracanaú, em 1876 a Pacatuba.

Em 1877, a Grande Seca que matou 500 mil flagelados no Nordeste, enterrou 118.900 no Ceará e outros 50 mil fora embora. Em 1º de jul 1978, já com 40,816 quilômetros de linhas, o governo imperial entrou na EFB para estica-la até Baturité. Com as secas brabas de 1877 e 1878 – quando 50 mil flagelados se alistaram nas frentes de trabalho da ferrovia, foram inauguradas as estações de Bahu, Canafistula e Cânoas (Aracoiaba) alcançando 91,065 km, chegando a Baturité em 2 de fev de 1882 e em 7 de set de 1891a Quixadá, com 187,7 km, em 4 de ago de 1894 a de Quixeramobim, com 235,187 km.

Em 1898, a EFB foi arrendada ao engenheiro Alfredo Novus, que assumiu o compromisso de levá-la até Humaitá, hoje Senador Pompeu, o que aconteceu em 14 de jul de 1900, com 287,299 km. O Brasil já se transformara em República dos Estados Unidos do Brasil. Depois expandiu para Girau e Contendas. Até aqui, foram 326,983 km que custaram 15.955:000 $, 15mil contos dé reis, ou cerca de 54:000$ ou 54 mil réis por km. Até 1906, o governo o governo da Uniao teria investido no empreendimento 2.126:996$231. O Sr. Novus foi até Miguel Calmon hoje Ibicuã, em 1908.

Em 1909, foi criada a Rede Viação Cearense que incorporou a EFB que incorporou a EFB e a Estrada de Ferro de Sobral, em 1910, a RVC foi arrendada a South America Railway Construction Company Limited, alcançando Acopiara, em 1908, Quincoê, em 1909, Iguatu, em 1910. A partir de Iguatu, ainda em 1910, tentaram implantar ramais para Jaguaribe, Orós e Caríus. A de Orós para servir de suporte à construção do açude. Mas tais ramais foram desativados. E houve disputa pelo traçado da linha entre na direção Sul se passaria por Iguatu ou Icó.

Em 1915 o governo federal reassumiu o comando da RVC, mas foi ano de seca feroz e magotes de flagelados foram, de graça, dali para Fortaleza. Os que ficaram foram para a frente de trabalho da RVC e que levaram a ferrovia.

Em 1916, para o Cedro, em 1917, para Aurora, em 1920, para Lavras da Mangabeira, em 1925, para Missão Velha.

Em 1926, o Presidente Artur Bernardes comunicou ao padre Cicero que os trilhos estavam chegando a Juazeiro e Crato que aguardou por 44 anos.

Em 1926 o Presidente eleito Washington Luis, que acabou deposto, visitou o Nordeste e de trem foi até Iguatu.

Em 1933, foi a vez de Getulio Vargas que entrou em Iguatu, de trem.

Em 1949, as marias fumaças começaram a ser aposentadas, processo concluído em 1963, sendo substituidas por maquinas a diesel.

Em 1951, inaugurou o Expresso Cariri que saia de Fortaleza as 4,15 e chegava a 22 horas ao Crato. No dia seguinte, saia do Crato as 4,15 e chegava a Fortaleza as 22 horas. Até então, a viagem tinha pernoite em Iguatu, nos dois sentidos, com o trem que partia do Crato ou Fortaleza, 1957, foi criada a RFFSA que assumiu o controle da RVC.Em 1973, partiu de fortaleza o trem do buriti ligando Fortaleza a Terezina. Em 1975, partiu de Fortaleza para o Recife o trem asa branca. Em1984, foi criado a CBTU que ficou com os trens. Em 1988, acabou se o trem. Os estradeiros e os rodoviários ganhara a batalha. O Brasil perdeu o trem que moldou o interior do Ceará, de Fortaleza a Crato e de Fortaleza a Sobral, e seus ramais. Nas oficinas, montanhas de ferro velho, nas estações, escombros. Na memória do sertão, a saudade.

JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.

Untitled Document

JB Serra e Gurgel
Jornalista e Escritor
http://www.cruiser.com.br/girias
gurgel@cruiser.com.br


:: Outras edições ::

> 2017

– Outubro
Como os cearenses vem os cearenses nativos e forasteiros

– Setembro
Ascensão e queda de Cleto Meireles: Colmeia, Haspa e Cidade Ocidental

– Julho
Para a Forbes, o Califa Abu Bakral Bagdadi é a 57ª pessoa mais poderosa do mundo

> 2016

– Setembro
Sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor

> 2015

– Novembro
Para a Forbes, o Califa Abu Bakral Bagdadi é a 57ª pessoa mais poderosa do mundo

– Outubro
Um cavaleiro andante que caminhou entre aforismos e citações

– Setembro
Por uma claraboia no meio do Salão Nobre do Palácio da Abolição

– Agosto
As cem edições do Jornal da Gíria. Um marco no mundo gírio

> 2014

– Setembro
Acopiara : “Meton, notas de uma vida”, uma trajetória e um exemplo

– Agosto
O Ceará poderia ter tido mais um presidente: Juarez Távora

– Julho
Sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor

– Junho
Dionísia aumentou a presença de Acopiara na Siqueira Gurgel

– Maio
Estão querendo Revogar a lei do morro: não sei, não vi, não conheço

– Abril
Faça como o velho marinheiro...

– Março
Tereza Aragão Serra, uma lenda quase esquecida em Tauá

– Fevereiro
José de Alencar e a língua portuguesa

– Janeiro
Moreira de Acopiara - o poeta popular de Diadema/SP

 

> 2013

– Dezembro
A presença dos Cearenses na população de Brasília

– Novembro
O cearense que escolheu o local para implantação de Brasília

– Outubro
Acopiara – Tia Nenem uma guerreira entre os Guilherme

– Agosto
As citações que marcam o cotidiano de Osvaldo Quinsan

– Julho
O último apito do trem que passava por Acopiara

– Junho
Dionísia aumentou a presença de Acopiara na Siqueira Gurgel

– Maio
Estão querendo Revogar a lei do morro: não sei, não vi, não conheço

– Abril
Faça como o velho marinheiro...

– Maro
Tereza Aragão Serra, uma lenda quase esquecida em Tauá

– Fevereiro
José de Alencar e a língua portuguesa

– Janeiro
Moreira de Acopiara - o poeta popular de Diadema/SP

> 2012

–Dezembro
O acopiarense Vicente dos dez mares e oceanos

–Novembro
A presença de marranos e ciganos no Ceará

–Outubro
No modo de dizer dos italianos, as raízes de expressões brasileiras

–Setembro
Nobreza Cearense: Barões e viscondes não assinalados

–Agosto
A linguagem de Paco, regional e universal

–Julho
As armas e os barões assinalados

–Junho
Acopiara - Eita Brazilzão sem porteira

–Maio
Acopiara - Nertan Holanda Gurgel. Auto retrato de um homem simples

–Abril
José Alves de Oliveira: “árvore velha não se muda”

– Maro
A gíria presente na obra de Eça de Queiroz II

– Fevereiro
Miguel Galdino - uma vida pelas justas causas

– Janeiro
História do Ceará de todos nós, presentes e ausentes

> 2011

– Dezembro
A gíria ou o calão presente na obra de Eça de Queiroz

– Novembro
A gíria ou o calão presente na obra de Eça de Queiroz
Setembro
Como o Ceará libertou seus 30 mil escravos
Agosto
Manoel Edmilson Teixeira um homem simples e de bem
Julho
Acopiara - Apelidos e o que não falta
Junho
Acopiara -Zé Marques Filho, uma referencia de respeito
Maio
Os cearenses do Rio de Janeiro
Janeiro
Acopiara - não é só mineiro que é desconfiado

> 2010

Dezembro
Acopiara – os brasileiros reclamam de que mesmo?
Novembro
Marcas da presença do Ceará na Guerra do Paraguai
Outubro
Como o Brasil começou a fabricar seu papel moeda
Junho
Um cearense acima de qualquer suspeita
Maio
Acopiara – O centenário de Alcebíades da Silva Jacome
Abril
Acopiara e o Seminário do Crato
Fevereiro
A queda de braço entre o Presidente Castello Branco e seu irmão Lauro

> 2009

Dezembro
Os desencontros entre José de Alencar e dom Pedro II
Novembro
Tem uma Teresa que foi a 1ª. mulher cearense a ser delegada da mulher em Brasília
Outubro
Acopiara - Dom Newton 60 anos de padre, 30 anos de bispo
Agosto
Acopiara - O passado é um pais estrangeiro
Julho
Futebol cearense atravessa mau momento
Junho
Acopiara – O Estrago da Crise Global
Maio
Meu avô – Henrique Gurgel do Amaral Valente II
Abril
Acopiara - Reverência aos nossos heróis anônimos
Fevereiro
Acopiara vista à distancia, em cruzeiro
Janeiro
Chico Sobrinho o lder do cl que far 20 anos de poder em Acopiara

> 2008

Dezembro
- Acopiara comemorou cinco centenrios em 2008
Novembro
- Acopiara – os 50 anos do padre Crisares.
Outubro
-Acopiara como nos despedimos dos que se foram
Setembro
-Acopiara – Mazinho e Erosimar, os empreendedores
Agosto
-Acopiara – Ezequiel partiu e deixou saudade
Julho
- Acopiara - Meu av, Henrique Gurgel do Amaral Valente
Junho
- As mães que povoaram Acopiar
Maio
- Chico Guilherme, a hora e a vez do Coronel




:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -