Agosto 2011
Manoel Edmilson Teixeira um homem simples e de bem
Manoel Edmilson Teixeira nasceu em Bom Sucesso, perto do
Trussu, distrito de Acopiara. Simples, aliás mais simplório do que
simples, de bem, vencedor, pois chegou ao objetivo mais alto que
um homem humilde poderia alcançar, com esforço e competência,
vereador (1962-1966), vice prefeito de Jairo Alves (1966-1970) e
prefeito (1970-1974). Acopiara estava à sua altura, nem mais acima
nem mais abaixo. Tempos bicudos, não pelos “anos de chumbo”
que a esquerda proclama e exalta, mas pelos “anos de abandono e
miséria” que nos apequena neste mundo de Deus. Seja, Edmilson
teve no seu tempo o reconhecimento e apoio dos seus pares.
Filho de Francisco Teixeira de Carvalho e Maria Elsa Mendonça
de Oliveira, ambos descendentes, segundo sua irmã, Rivanda
Teixeira,(a memória viva de Acopiara) “dentre as 70 famílias
portuguesas nobres e importantes da época do descobrimento do
Brasil, que dom Manoel enviou nas caravelas de Cabral para a
Terra de Vera Cruz. Vieram sete irmãos que se casaram com sete
índias se espalharam pelo Brasil”.
A família Teixeira de Carvalho fixou residência no Icó e ganhou
o apelido de “canela preta”. Poucos cearenses sabem que um dia Icó
foi capital do Ceará. Não é a ignorância que atrapalha o progresso
é acultura e o subdesenvolvimento, falta de capital e tecnologia!
A família Mendonça de Oliveira fez morada em Iguatu, depois
alguns membros mudaram para outras regiões. Não eram bobos.
Manoel Edmilson Teixeira nasceu em 01/09/1922, no ano
que a cultura do Brasil mudou por inteiro, com a Semana de Arte
Moderna, que contribuiu para a que a Revolução de 30 despertasse
o país para um novo mundo. O surto de progresso de dom Pedro
II fora estancado por uma República de reacionários, oligarcas,
ignorantes e atrasados.
Seus irmãos: Franciné.Edilson, Edval, Eunice (in memoriam),
Elita Zeneide, José Teixeira, Rivanda e Francineide. Todos nasceram
no sitio da família Belo Horizonte, com parteira, sem luz
elétrica, escola, telecomunicações, estradas. Pularam todas as
barreiras das doenças endêmicas e epidêmicas, secas, chuva, sol,
poeira, calor, trovão, da farta escassez de bens de consumo duráveis,
se criaram e se fizeram pessoas de bem com a vida.
Edmilson iniciou seus estudos em Bom Sucesso, ajudou o pai
na roça, e ainda jovem, foi convidado por seu tio, João Mendonça, a
trabalhar em sua loja em Acopiara.Gostou, ganhou algum dinheiro,
fez sociedade com Joaquim Raimundo para a compra de algodão,
peles silvestres (teús principalmente), ovinos, caprinos, bovinos.
Casou-se com Maria Auristela Gurgel Teixeira, minha prima,
filha de tia Antonia Gurgel Silva . O casal não teve filhos, mas criou
a sobrinha Maria Zélia, filha de Zélia, casada com Lindoval José de
Lima, morou na Santos Dumont, hoje Cazuzinha Marques, entre
Ezequiel-Aglasis e Antonio do Cedro-Zilda e teve casa na Manoel
José da Silva, ao lado de Antonio Gaspar. Comerciante conservador,
manteve seus negócios sem ousar muito, mas fazendo amigos na
cidade e nos distritos.
Interessou-se pela política e nas eleições de 1962 disputou
mandato pelo PSD que, por longos anos, dividiu com a UDN os
destinos de Acopiara,elegendo-se vereador com 362 votos. O PSD
fez cinco, a UDN três e o PTB dois. Nas eleições seguintes, de
1966, elegeu-se vice prefeito pela ARENA 1 na chapa de José Jairo
Teixeira Alves, com 3.690 votos contra 3.149 de seu adversário
da ARENA. Ambos os candidatos tinham juízo e se acomodaram
nas ARENAs da vida.
Nas eleições de 1970, quando o Brasil conquistou o tri campeonato
mundial de futebol ,no Mexico, “70 milhões em ação,pra
frente Brasil, do meu coração”, Edmilson ganhou a prefeitura com
4.451 votos, pela ARENA 1, contra 4.382 votos dados ao candidato
da ARENA 2. Arrastou como seu vice, Adauto Florentino Teixeira,
fazendeiro e proprietário do sitio Lapa-São Paulino.
Fez o que lhe foi possível fazer . Magoado com as marcas e os
ônus da política, em 1971, picou a mula para um exílio voluntário
em São Paulo, para onde muitos de seus conterrâneos também
foram na busca do Sul Maravilha. Trabalhou inclusive como atacadista,
vendendo produtos para o comércio. Mas não se empolgou.
As feridas não sararam. Arrumou as trouxas e voltou para o Ceará,
desgostoso com a política e sem ânimo para se restabelecer em
Acopiara, fixando-se em Fortaleza, onde foi gerente de produção
do Café Walcan, de Waltério e Maria Luiza Gurgel.
Dizia que “gostaria de voltar a morar na terra do lavrador que
tanto amo”, mas não voltou, percebendo , como tantos outros, que
seria um estranho na terra em que nasceu. Faleceu aos 86 anos, em 21.06.2009 e foi enterrado em Fortaleza.
JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.