Setembro 2014
Acopiara : “Meton, notas de uma vida”, uma trajetória e um exemplo
É sempre bom escrever sobre meu povo e minha Acopiara, o centro do mundo.
Tem muito phd, pós doutor, gênio da lâmpada e heróis da raça que discorda. Aceito, mas mantenho minha opinião. Nas minhas viagens transatlânticas, ninguém acredita, mas o nosso grupo ,que tem gente de Acopiara, passa grande parte do tempo, falando dos tempos imemoriais que deixamos na estrada da vida. Não a Acopiara de hoje, mas a nossa, de 50 anos ou mais, lá pra trás. É a mesma de sempre, com personagens diferentes, protagonistas diversos, passageiros da contemporaneidade, que nos ignoram e nos desconhecem, mas que passam como o vento e a correnteza.
Pensam que nos apagaram. Estamos vivos e ocultos, acompanhando pelo retrovisor da História os nossos e os passos dos outros. Recebo de Adaiza Fernandes Alves, emprestado para escrever estas linhas, o livro Rosane Mabel , “Meton, notas de uma vida” , de um lado, e “Genealogia das famílias Albuquerque. Barbosa de Lucena, Teixeira e Marques Vieira (das ribeiras do Faé e do Trussu)”, do outro. Recordo que o Mauro Nogueira um dia me prometeu, no Crato, um exemplar mas se esqueceu no meio das capoeiras e dos bodes de sua fazenda no Baú. O livro está autografado para o Cláudio e Leinha.
O prefácio é de Caroline Vieira Nogueira, neta, que observa que dr. Meton Teixeira Marques Vieira de Albuquerque é um importante filho de “Iguatu/Acopiara”, pois nasceu no sítio Isidoro, que estava no distrito de Lages (depois Acopiara), no município de Iguatu. Em 19.12.1963 o então governador do Ceará, Virgílio Távora, elevou Isidoro a município, aceitando abaixo assinado de 100 Albuquerques, desmembrando de Acopiara, mas a Lei n 6.973 ficou como letra morta, por alguma razão objetiva. Há leis que não pegam. Meton nasceu em 1912, na Vila do Isidoro, fundada por José Francisco de Albuquerque, vindo de Pernambuco, quatro anos depois da chegada do Patriarca da Família Gurgel do Amaral, ao distrito de Lages.
Na capela de Lages foi batizado e alfabetizado no Isidoro e no Cedro, ingressando em 1926 no Seminário São José do Crato, onde ficou até 1932. “O Casarão” , como chamamos, formou cidadãos que estão na História do Ceará. Passou pelo Ginásio Diocesano, do Crato, e pelo Liceu de Fortaleza, antes de chegar a Faculdade de Direito do Ceará, de 1936 a 1940.
Para se manter, foi professor nos colégios Castelo Branco, Escola Normal Justiano de Serpa, Escola Doméstica de Fortaleza, Colégio Lourenço Filho e Colégio Farias Brito e Ateneu São José.
Foi Procurador Regional da Fazenda Federal em Teresina/PÌ e Assessor da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Piauí.
Foi advogado em Campo Maior e Teresina/PI. Pereiro, Iguatu e Fortaleza/CE.
Advogou também no Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Paraná.
Casou-se Maria Roselita Holanda Vieira de Albuquerque com quem teve 10 filhos. Nas suas memórias, no Crato, constam visita a dom Quintino, fundador do Seminário, do Ginásio Diocesano, do Colégio das Irmãs de Santa Tereza, do Banco do Cariri, 1º. Bispo do Crato, às vésperas de sua morte. Contas estórias de Monsenhor Joviano Barreto, Reitor do Seminário. Sua carreira de advogado começou em Teresina, onde “ganha-se dinheiro a rodo”, como lhe garantiu o amigo Jonas Cavalcante. Roselita insistiu para voltassem para o Ceará” de onde nunca deveríamos ter saído”. A pedidos da família, trocou Teresina por Pereiro e fez uma parada técnica de 24 anos em Iguatu, c om fugas profissionais até Fortaleza. Em 1994, sofreu um acidente vascular cerebral que mudou sua vida.
O livro contém depoimentos emocionados de seus filhos, Rosane Mabel Vieira Nogueira, Meton Vieira Filho, Luciano Meton Holanda Vieira de Albuquerque, Firmino Teixeira de Albuquerque Neto, Metonisa Francisca Vieira Mendonça, João Holanda Cavalcanti Neto, Mauro Edmilson de Holanda Vieira, Meton de Holanda Vieira , Kennedy Meton de Holanda Vieira, Icaro Meton de Holanda Vieira.
Nos achados do livro que é uma celebração da vida de Meton , há o hino cívico religioso de São Tarcísio, padroeiro de Limoeiro do Norte, o seu contrato de professor com a Escola Normal Justiniano de Serpa, em Fortaleza, com remuneração de 15 mil réis “por aula efetivamente dada”, cartaz de sua frustrada candidatura a deputado estadual , tendo como bordão - “advogado humano e amigo leal”, sua adesão ao Instituto Cearense de Genealogia, sua correspondência com o mestre Raimundo Girão, os prefácios para o livro “Monografias”, do padre Couto, que trata das famílias que se instalaram no Centro do Ceará, dos seu livros de Direito e “Sinopse de Iguatu” e o de Aureny Alves Bezerra, “Vida e Obra de dr. Manoel Carlos de Gouvea”. Há também a troca decorrespondência com Clovis Bevilácqua, a quem fez uma consulta em 1º de junho de 1944, quando era Procurador da Fazenda, em Teresina, recebendo resposta, manuscrita, em 19 de junho. Além disso, discursos feitos por ocasião dos 50 anos de ordenação de dom Francisco de Assis Pires, o 2º. Bispo do Crato, nos 50 anos do Ginásio Diocesano do Crato e no lançamento de seu livro, “Crimes que abalaram o sertão” no Náutico Atlético Cearense, em 18,11.1993, em Fortaleza. Meton Vieira puxa o cordão dos acopiarenses ilustres como Adaíza Fernandes Alves, Altino Lima, Aluísio Alves de Almeida, Celso Albuquerque de Macedo, Ciro Marques Albuquerque, prof. Edilson Brasil de Soarez , Ezequiel Albuquerque de Macedo, Francisco Lincoln Araújo e Silva, Francisco Gurgel Holanda, Geraldo Marques, Haroldo Felinto, coronel Helder Marques, João Uchoa de Albuquerque, José Haroldo Silva Lima, José Lima, José Sarto, padres Lauro Gurgel e Mario Marques Serra, Moreira de Acopiara, dom Newton Holanda Gurgel, Perpétua Moreira, prof. Renato Braga, Rivanda Teixeira, Tânia Gurgel, almirante Tiudorico Leite Barbosa.
(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.