Bom dia, quarta-Feira, 13 de Novembro de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Novembro 2008

A vez da vida


Ah! Você, tão apressado, que nem percebeu sequer o dia que amanheceu transparente, iluminado, como se fosse a meio! Habituado a cada manhã, com o sol que chega, claro, forte, iluminando a vida, e este azul do céu, profundo, que dá ganas de sorver o infi nito, você nem se dá conta da beleza que irrompe a seu redor! E passa por ela indiferente, sem ver, sem sentir, sem descobrir o detalhe da folhagem que, forte, se agarra, as pedras, na ânsia de subir e sobreviver, simples peculiaridade do imbé, sem sequer, notar a pequenina insignifi cante fl or, amarela, que se esparrama como um tapete para você pisar, e nada mais pleiteia que viver e colorir o chão, se misturando a relva.

Ah! Você nem reparou no gramado que ontem era cinzento, e agora se estirou, preguiçoso, e subiu a colina com o afago da chuva que lhe arrepiou as entranhas. Nem atentou para os fl amboyants que em vermelho levantam para o céu seu grito de vida, na explosão da cor! E o apelo que vem lá de dentro, incontida força e energia que lhe atravessava o cerne e irrompe pelo tronco, pelos galhos, e chegando à tona proclama aos céus e a Terra a graça da vida, a ânsia de se dar, de se mostrar, de se multiplicar. Nem percebeu que depois de erguer a amplidão a oferta de si mesmo, no colorido vivo de suas fl ores, vestido de rei, se da à terra e se esparrama ao chão, se dividindo em mu nas pétalas que tingem de sangue o verde do gramado, prolongando a oferta, a doaão.

Ah! Você não viu a carinha redonda das papoulas, brejeiras, brincando e rindo quando a brisa passou e lhe cochichou segredos. Nem a louca euforia das palmeiras, o afago dos galhos se torcendo, se tocando, se envolvendo, mágico baile, quando o vento, ousado, lhe bateu de cheio, irreverente, despertando-os do leve embalo em que se quedam.

Ah! Você não teve tempo! E como poderia gastar os escassos segundos que lhe sobram em detalhes corriqueiros, comuns, sempre presentes, se a preocupaão lhe toma por inteiro as horas, os dias, o próprio ar que respira, com os números na caderneta de notas, com os cifrões que se enfi leiram, dedo em riste, pedindo conta exigindo exclusividade. Como poderia mostrar, a butique, o vestido colorido bem verão que precisa usar! Como poderia, na obsessão de conseguir um lugar de prestígio no escritório, junto ao chefe, e gozar das regalias do poder? Como poderia, essas paredes do hospital, sempre alguém a chorar, a sofrer, a suplicar! E essa mesa dura, empedernida, tantos os processos! E essa preocupacão em concluir a tarefa, ontem começada. No colégio, na repartião, no consultório. O cliente esperando, o menino aguardando, o chefe exigindo! E a vida passando...

E aguardando para as férias, amanhã, a hora da festa, engalanada, hoje, para vocês, a terra! E aguardando para depois o instante da alegria, a descoberta da paisagem linda por onde você passa todo dia, indiferente, sem olhar! Aguardando para depois a hora de estender a mão, e simplesmente confessar sem nem querer. Aguardando, adiando, protelando sempre, a hora de ver, de sentir, de descobrir. De viver. Plenamente. Intensamente.

Agora é a vez do riso, a hora de dizer o verso, de cantar a poesia. De contar o segredo, de falar da dor, de dizer do amor. Agora é o instante de querer, de se dar, de ser feliz! Agora, o instante de colher a rosa. Agora é a hora. Hoje é a vida!

Houve um tempo em que as homenagens eram feitas aos heróis, aos cientistas, aos poetas, homens que acrescentavam ao mundo com o seu talento e a sua capacidade, abnegação e desprendimento. Nos tempos que correm, numa cidade do interior se faz um plebiscito para se aprovar a construção de uma estátua a um cangaceiro, bandoleiro do sertão que passava incendiando, pilhando, destroçando fazendas, plantações, suscitando pavor! Uma estátua a um homem do cangaço!

Triste sinal dos tempos

Untitled Document

Regina Stella S. Quintas
Jornalista e Escritora
studartquintas@hotmail.com

                                            
:: Outras edições ::

> 2015

– Outubro
Camaleões à solta

–Setembro
Um instante de Solidariedade

> 2015

– Novembro
Coronel Chichio

– Outubro
Uma ponte...

– Setembro
Um verbo para o encantamento

Agosto
Há vida lá fora...

> 2014

Setembro
Seca: a tragédia se repete
Agosto
Seca: a tragédia se repete
Julho
Gente brava
Junho
Dia da Alegria
Maio
Precioso bem
Abril
Aquele velho “OSCAR”
Maro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Fevereiro
Recado para quem sai
Janeiro
Rota para a vida

> 2013

Dezembro
Na festa do tempo, um brinde à vida
Novembro
Em velha trova do tempo. Trinta dias tem setembro. Abril, junho, novembro...
Outubro
O Gênio e o Homem
Agosto
O Gênio e o Homem
Julho
Um presente de vida a Mandela!
Junho
Dia da Alegria
Maio
Precioso bem
Abril
Aquele velho “OSCAR”
Maro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Fevereiro
Recado para quem sai
Janeiro
Rota para a vida

> 2012

Dezembro
As lições de amor e ternura fazem eterno o Natal
Novembro
As luzes estão acesas
Outubro
Amarga ironia
Setembro
O trono vazio
Agosto
A última trincheira
Julho
Parece que foi ontem...
Junho
Atores de todos os tempos
Maio
Seca: a tragédia se repete
Abril
Imaginação ou realidade?
Maro
Um Século de Sabedoria
Fevereiro
Trágedia e Carnaval

> 2011

Novembro
Trilhas da vida
Setembro
Um mercenário a caminho
Agosto
Usar sem abusar
Julho
Como as aves do céu
Maio
Quem se lembra de Chernobil?
Junho
Sino, coração da aldeia...
Maio
Maio, cada vez menos Mês de Maria, está indo embora...
Abril
Bonn, Bonn
Fevereiro
Depois da festa...
Janeiro
Um brinde ao Novo Ano

> 2010

Dezembro
Nos limites de um presente,um presente sem limites
Novembro
Homem total
Outubro
Estórias de sertão, estórias de cangaço
Setembro
Um tempo que se perdeu
Agosto
Império do Medo
Julho
Acenos de Esperança
Junho
Maio, cada vez menos Mês de Maria, está indo embora...
Maio
Poema Impossível
Março
Numa tarde de verão
Fevereiro
Caminhos de ontem
Janeiro
Muros de Argila

> 2009

Dezembro
Um Brinde Vida
Novembro
A vez da vida
Outubro
Gente brava
Setembro
Gente brava
Agosto
Lição de vida no diálogo dos bilros
Julho
Camalees solta
Junho
Síndrome de papel carbono
Maio
Um tempo que se perdeu


:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -