Agosto 2008
Combata a crise, não combata Acrisio
Por esta o famoso Barão de Itararé ingressou na história política do Ceará. Foi qundo da candidatura de Acrisio Moreira da Rocha à Prefeito de Fortaleza. Acrísio tinha o apoio do Partido Comunista e issso provocou forte reação da Igreja que naquele tempo geralmente ficava atrelada ao que havia de mais reacionário em termos políticos. O então arcebispo de Fortaleza, dom Antonio, em nome do ódio zoológico contra os comunistas, chegou a afirmar que quem votasse em Acrísio votaria contra Cristo e merecia excomunhão...
Alguém indo ao Rio de Janeiro e lá encontrando o famoso Barão, teve a oportunidade de informa-lo do ponto a que chegava a Igreja aqui no Ceará, o que certamente estava prejudicando a campanha do candidato face aos temores dos fiéis. O Barão de Itararé imediatamente passou o seguinte ttelegrama ao Arcebispo: “Combata a crise, não combate Acrísio pt ass Barão de Itararé”.
O jocoso telegrama concorreu em dúvida para desestimular a campanha clerical contra a candidatura de Acrísio que ganhou disparado aos serem contados os votos.
Meios de Produção....
Aparício Torelli, o Barão de Itararé, foi figura que deixou uma marca inapagável na História deste país, não apenas por seu extraordinário senso de humor como por seu posicionamento político. O Barão era comunista, o que não é de se estranhar num país onde foram comunistas , para citar apenas alguns, Cândido Portinari, Monteiro Lobato e Graciliano Ramos...
O Barão de Itararé editava “A Manha” , um jornal fabuloso, que tanto quanto seu autor, marcou época, digo seu autor muito a propósito, porque no expediente de “A Manha” , o Barão aparecia como diretor, editor, redator, repórter e tudo o mais...
O famoso humorista utilizava sua capacidade para criticar governos. Mas também certos métodos do Partido. Certeza vez, quando discutia-se muito estas questões de conduta pessoal, sobretudo no que se refere ao comportamento sexual, o Barão acicatou o puritanismo com esta:
- “Assim a coisa não vai bem. Se formos para o poder, ao invés dos meios de produção, vamos controlar os meios de reprodução....”
Fidelidade Proletária
Luiz Oliveira era pernambucano de origem camponesa. Perseguido em sua terra, veio para o Ceará. Fiel lutador das idéias do socialista e da democracia, com grande empenho dedicava boa parte do seu tempo ao trabalho político.
Luiz Oliveira foi mandado a Quixadá para dar um balanço no trabalho de campo. Lá reuniu-se com os companheiros e colocou a questão:
- Quero saber o que há de concreto aqui no trabalho de campo?
- Alguma coisa....
– manifestou o responsável pelo setor.
- Não quero saber de “alguma coisa”, quero dados concretos!
- Alguma coisa no Cedro, no Estevam, nos Ariscos...e no Sitia daqui a nove légua
- Uns dozes camponses participando...
- Vamos ter que ir lá! Quero conferir . Arranjem uma condução.
- Agora, do jeito que está chovendo, só a cavalo.Nenhum carro chegaria lá...
- No outro dia, o autor dessas estória, Pio e Luiz Oliveira, alta madrugada já seguiam rumo ao Sitia, cada qual na sua montaria.
Luiz, apesar da sua origem camponesa, desejeitadamente na sela – fazia tempo que não montava – agüentava pesado chouto do burro “Moreno”. Já dava para notar que sofria os efeitos da viagem. Virava-se na sela de um lado para outro. Às vezes apoiava-se nos estribos, fazendo força nos pés. Levantava os quartos, tentando diminuir o atrito com a sela.
Percebendo o sofrimento do companheiro, voltei-me para ele e observei:
- Pelo que vejo, você não agüenta as cinco léguas que ainda faltam. Já deve estar com a bunda em petição de miséria...
- O bravo camarada voltou a olhar para o longo caminho à sua frente, empertigou-se todo, encheu o peito e exclamou:
- É ... mas acima da minha bunda, estão os sagrados interesses do proletariado.