Julho 2008
O Negcio por tapas
Chico Leite, pequeno comerciante em Queixadá, pediu filiação ao Partido Comunista. O novo companheiro que àquele tempo tinha nível muito fraco, tinha grande dificuldade de entender certas coisas... Mas num bravo esforço começou a estudar assuntos teóricos. Percebendo seu interesse e a grande força de vontade, o Partido o mandou fazer um curso sobre teoria marxista no Recife. Quando Chico Leite voltou da capital pernambucana parecia estar no fio e afirmava orgulhoso: “agora domino o marxismo”...
Atendendo a um velho e gostoso hábito provinciano, nas noites queixadaense muitas pessoas ficavam conversando nas pracinhas ou nas calçadas. Assim era mais fácil livrarem-se do calor, desfrutando os raros momentos da brisa noturna. Numa daquelas rodas de pessoas gostava de ficar o Chico Leite, como sempre, puxando o assunto para o lado da política. Ele afirmava:
- O Socialismo vem mesmo, não tarda, é o único caminho para a Humanidade!
- Qual a diferença entre o Socialismo e o Comunismo? Quis saber “seu” Chagas Moreno.
- Primeiro um, depois o outro... O comunismo é conseqüência da evolução do socialismo...
- Mas para isso tem que ter revolução, quem é que fazer a revolução? Perguntou-lhe o “mestre” Bananeira.
- As massas, sob o comando do Partido Comunista, guiado pelas luminosas idéias de Marx, Engels, Lenine, sob a direção da classe operária, a mais conseqüente, a única capaz de levar o progresso até o fim ... Afirmou Chico Leite.
- Parecia mesmo que “estava no fio”. Que tirara nota 10 no curso em Pernambuco, Foi quando o “seu” Fausto Cândido duvidou:
- Isso de Comunismo não é coisa pro Brasil não... Só se for quando as coisas estiverem muito adiantadas, isso daqui há bem duzentos anos...
- Chico Leite temperou a garganta e na defesa de seus pontos de vista saiu-se com uma frase lapidar, provando seu elevado nível:
- Acontece que tem as tapas, sito vem por tapas. Tem a primeira e a segunda tapa... Tem uma coisa. Na terceira tapa a burguesia não agüenta mais não!
Preso ao Manifesto
Cardoso era um devotado lutador da causa democrática no Ceará. Desde muitos anos pertencia às fileiras do Partido Comunista Brasileiro, a que era um dedicado. Além dos contatos políticos, eu e Cardoso desfrutávamos de uma grande amizade, pois éramos colegas de trabalho do antigo DENERu (mais tarde Sucam, hoje FUNASA). Ele era Guarda Chefe e eu burocrata.
Certa vez, Cardoso estava conversando com alguns amigos no Abrigo Central da Praça do Ferreira, quando veio aquela vontade danada de fazer xixi. Correu para o mictório do Roticeri (hoje CEF) que era o lugar mais perto. Assim que abriu a braguilha para se desapertar, um garotão com pinta de bichona, agarrou a “manjuba” do Cardoso dizendo.
- É dessas que eu gosto!
- Epa! Exclamou o “guarda chefe” e não contou merenda.
Meteu um bruto safanão no pobre coitado que por um triz não jogado ao chão imundo do mictório.