Agosto 2008
De quem é a floresta amazônica?
Os europeus beligerantes quando não tem com quem brigar brigam entre eles. Depois de redividirem o Leste europeu, seguem brigando para tirar a Catalunha e o País Basco da Espanha. No norte da Itália querem criar a Padânia. A Belgica sairá do mapa para ceder lugar à Flandres,dos flamengos e à Valônia de lingua francesa. A Escócia sonha e luta para se libertar da Gra-Bretanha.
Roberto Pompeu de Toledo, num ensaio para a revista Veja sobre os movimentos separatistas, diz que “a inquietude dos europeus vigia sem dencanso para impedir a vitória do conforto que vem da riqueza e da harmonia que vem do bem-estar”. Como se não conformados com as suas próprias disputas, se voltam para o Brasil e aumentam a pressão e a propaganda de interferência na Amazônia.
A tese mais recente é a de que a Amazônia é patrimônio da humanidade, devendo ser administrada por autoridade internacional. Aliás esta tese é defendida pelo francês Pascal Lamy, ex-comissário de Comércio da União Européia. Ele quer uma autoridade internacional, a ser criada, admimnistrando nossa floresta amazônica.
O empresário sueco Johan Eliasch, um dos fundadores da ONG Clean Earth, é mais audacioso na sua intromissão. Ele defende que a região amazônica deve ser comprada por US$ 50 bilhões. O governo brasileiro já está investigando a proposta desse sueco que estimula empresários a adquirir lotes na Amazônia. Ele mesmo já teria comprado 160 mil hectares .
O movimento para se apoderarem da Amazônia, que começou a crescer nos anos 80 do século passado, vem sendo feito de forma tão descarada que o jornal New York Times perguntou, sem a menor cerimônia “de quem é a amazônia?” O presidente Lula respondeu, em discurso no Rio, que “o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono. O dono da Amazônia é o povo brasileiro”. Em novembro de 2000, o senador pernambucano Cristovam Buarque, eleito por Brasilia, foi questionado, em uma universidade americana, sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia . O jovem americano que fez a pergunta disse que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. A resposta do senador foi bastante divulgada, mas vejo o momento adequado para repetír alguns trechos:
“De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionali zada,internacionalizemos também as reservas petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o noso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveriam ser internacionalizado.
Em outro trecho de sua resposta, o senador Cristovam Buarque sentenciou: “Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.”