Novembro 2015
A burrice ao alcance de todos
E tem quem ache que burrice é exclusividade dos portugueses.
Tudo começou quando eles desembarcaram aqui e
não souberam investir na riqueza que encontraram. Levaram
ouro e pau Brasil, mas passaram tudo para os ingleses. Investiram
na industrialização da Inglaterra. Foram eles que nos
ensinaram também a cobrar impostos.
O jornalista piauiense Abdias Silva, correspondente de um
jornal de Lisboa, estava preenchendo a ficha em um hotel
lusitano quando foi interrompido por um gentil funcionário.
O rapaz, muito atencioso, informou que era preciso preencher
a ficha com o nome por extenso. O hotel não aceitava nomes
abreviados. Nada de Abdias. Tinha que especificar o A e o B.
A história de loira burra, dizem na Internet, começou com
o livro “Os homens preferem as loiras”, de 1925, depois
adaptado para a Broadway e o cinema, onde fez sucesso com
a morena, pintada de loira, Marylin Monroe. Ela interpretou
personagem ingênua. Lorelei Lee, era uma cantora que assassinava
a gramática e seduzia ricaços, ajudando a construir o
estereótipo que hoje vai da dançarina Carla Perez à música
“Lôraburra”, em que Gabriel O Pensador afirma que elas
chamam a atenção “não pelas ideias, mas pelo burrão”. A
burrice vem acompanhada do total desconhecimento, falta
de estudo, de educação.
O arquiteto Totonho Laprovítera jura que não é invenção
dele: no bairro Alto da Balança, em Fortaleza, Dona Carmem,
esposa de seu Costa, é a mulher mais bruta que ele
já conheceu. Diz ele: “Pra vocês terem ideia ,ela levou um
farto material a um laboratório, para exame de fezes. Colocou
uma lata de querosene em cima do balcão e a recepcionista
solicitou: - Por favor, dá pra senhora colocar o nome? Ela,
já afobada, escreveu na lata: “Bosta”.
O jornalista Luís Natal conta que passou por uma boa, há
poucos dias: “a moça perguntou meu nome. Respondi, Luís.
E pausadamente, ressaltei, antes de ser questionado: Luís com
Esse, Jorge Natal. Horas depois quando voltei para buscar
o pedido, estava lá , escrito: Luís Com Esse Jorge Natal.
Devolvi o papel e, com muita calma, mostrei o engano. E
virei culpado: - O Sr. falou rápido, achei que era seu nome.”
O jornalista Nelson Faheina registrou em livro que Agaci
Fernandes, um atuante político da região do Jaguaribe, no Ceará,
promoveu em sua residência um encontro de prefeitos e
de primeiras damas. Na hora do almoço, a mulher do prefeito
surpreendeu a todos quando começou a gritar, apontando para
o teto: - Marido, marido, olha...uma briba! -Tá doida, mulher.
Briba é o livro sagrado. Isso aí é uma vispa. Assustada com
tanta ignorância, a víbora despareceu no telhado.
São tantas as histórias que muitas já viraram piadas. O cara
chega ao bar com um amigo e pede ao garçom: Dois uísques.
E o amigo, burro: dois pra mim também.;
As pérolas estão mesmo nas provas do Enem. É lá que
estão catalogadas as burrices dos jovens que se preparam para
entrar no mundo universitário.“Não preserve apenas o meio
ambiente e sim todo ele”. Outro aluno, também, preocupado
com o meio ambiente: “Tudo isso colaborou com a extinção
do micro-leão dourado.”
E que tal essa: “Vamos deixar de sermos egoístas e pensarmos
um pouco mais em nos mesmos!
O escritor e humorista norteamericano Mark Twain advertia:
“Nunca discuta com pessoas burras, elas vão te arrastar
ao nível delas e ganhar de você por ter mais experiencia em
ser ignorante.”
O escritor pernambucano Nelson Rodrigues procurou
estabelecer a diferença entre ignorância e burrice. Escreveu
que a ignorância é o desconhecimento dos fatos e das
possibilidades. A burrice é uma força da natureza, é eterna.
Para Nelson Rodrigues, a sabedoria camuflada é o mesmo que a burrice.
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista.