Dezembro 2008
Um presente para Fernando
Fernando César Mesquita vem de uma família de jornalistas famosos no Ceará. É primo de Odalves Lima, sobrinho de Perboyre Silva.. Projetou-se nacionalmente aqui em Brasília. Trabalhou em sucursais de jornais como a Última Hora, Estado de São Paulo e Jornal do Brasil.
Começou cedo na Rádio Iracema de Fortaleza, onde chefiou o departamento de radiojornalismo. Foi lá que nos conhecemos. Estava aprendendo com o Alan Neto no departamento de Esportes quando fui convidado pelo Fernando para mudar para o radiojornalismo. Encontrei lá Dede de Castro, Paulo Limaverde, Frota Neto, Francisco Felix e Vicente Martins, que formou-se em medicina e trocou de profissão.
Foi na Iracema, líder da rede iracemista de emissoras cearenses, a segunda do estado, que participei pela primeira vez de uma cobertura de eleições. Lembro que foi nessa cobertura que o Fernando Cesar, ancorando do estúdio, perguntou a um repórter se estava tudo bem no TRE. A resposta foi surpreendente: - Tudo bem, Fernando. Até agora nenhum caso de gravidez”. Ele queria dizer gravidade. No estúdio, Esmerino Arruda, um dos fundadores desta Casa, candidato a deputado federal e a prefeito, prometia governar Fortaleza a partir do Pirambu. Depois de prometer transferir a sede da Prefeitura para o bairro mais pobre da cidade censurou no ar o locutor que acabara de ler uma nota acentuando erradamente a palavra óbvio. “É óbvio, repita comigo: é óbvio e não obvío”, -. ensinava o candidato para quem estivesse ligado na Iracema naquela hora.
Na equipe de Fernando César estavam também o professor da Faculdade de Direito Paulo Lopes Filho, Inácio de Almeida e Heleno Lopes, redator de mão cheia e noticiarista. Com sua inconfundível voz metálica, Heleno escrevia e apresentava os boletins que iam ao ar durante a tarde. Ele trocou o jornalismo pela advocacia. A Rádio dos irmãos José e Flávio Parente tinha (ou ainda tem) seus transmissores instalados perto da orla o que permitia ser captada em alto mar e até na África.
Fernando César Mesquita se afastou das redações para se dedicar a campanhas eleitorais. Um dia, eu fazia compras na antiga cadeia pública de Fortaleza quando me deparei com ele . Fernando estava com Hélio Beltrão, então candidato à presidência. Naquela tarde, o papo contou com a inteligência Aurélio Buarque de Holanda, e o humor de Juca Chaves. Por coincidência, os dois estavam, também, visitando a antiga cadeia e suas lojas. Foi com José Sarney que Fernando trabalhou mais tempo.
A morte de Tancredo Neves levou José Sarney para o Palácio do Planalto e com ele Fernando César, que vinha assessorando o político maranhense desde a campanha. Presidencial. Fernando foi Porta Voz, primeiro presidente do Ibama e governador da Ilha de Fernando Noronha. Exerceu com competência todos os cargos que o presidente Sarney lhe confiou.
Fernando se revelou, além de um bom jornalista, um competente administrador. Conseguiu fazer um ciclo de amizades que o coloca em evidencia em Brasília, Rio, São Paulo e Ceará, e o transforma numa pessoa permanentemente informada e atualizada.. O conhecimento que tem da máquina administrativa do país e das atividades político-partidária do Congresso Nacional, tornam Fernando César um respeitado consultor.
Às vésperas de completar 70 anos de idade Fernando estava ocupando a maior parte do seu tempo com saltos de para-quedas, vôos em Asa Delta ou mergulhando nas águas do Pacifico e do Atlântico. Não duvide, ele tem preparo físico melhor do que muitos jovens. Não aparenta nem um pouco a idade que tem. Não fosse a assessoria que continua prestando ao senador Sarney, diria que ele estava acordando cedo para ficar mais tempo sem fazer nada. Mas como tudo que é bom dura pouca, Fernando teve que refazer todo seu esquema de vida para atender uma convocação de seus conterrâneos para concorrer à presidência da Casa do Ceará, entidade que ele , há 45 anos, ajudou a fundar junto com outros jornalistas e políticos cearenses.
O Jézer Oliveira nunca pensou que ele aceitasse. Foi um trabalho danado convencer a alguns membros da diretoria passada que ele era o melhor nome. O mais difícil mesmo foi convencê-lo. . A articulação deu certo e quem ganhou foi a Casa do Ceará. O Fernando ainda se sente só e precisa de todos nós para transformar a Casa do Ceará num importante cartão de visita de Brasília. Ajudá-lo nessa tarefa será o melhor presente que podemos lhe dar neste aniversário.