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Maio 2008

Um tempo que se perdeu


Houve um tempo em que, tranqüilo, não havia a preocupação de fechar a porta que dava para a rua! Junto à calçada, bastando apenas descer um batente, escancarada ele ficava o dia inteiro! Por ali entrava e saía a meninada num infindável vai-vem vai-vem, do quintal para a rua, da rua para o quintal, brincando de pique, de amarelinha, de pique, alternando a alegria, ora com a pipa no céu, ora com a cabeçulinha no chão. E a porta sempre aberta era um permanente convite para entrar e sair, comprar no bodega o papel fino, colorido, a linha da rabióla, e satisfazer a curiosidade na casa do vizinho. Nada de campainha, de olho mágico, de chave rolando na fechadura. Quando muito, um ferrolho, e era só enfiar a mão pelo postigo, desatrelar, e ir logo entrando.

Dormia-se em paz, a roupa no varal e a janela aberta, para a fresca da noite e para olhar a lua cheia, declamando versos. Ouvia-se apenas, no silêncio, o “nhen-nhen” de uma rede em dolente cantoria, no preguiçoso vai-vem da corrente e do armador, pra lá e pra cá embalando alguém.

Feliz tempo que se perdeu. Em chegando, junto à porta, bastava um bater de palmas e se era prontamente atendida, e outras vezes um “oi de casa” apenas antecipava as passadas no longo corredor, que a voz amiga era de imediato conhecida para uma doce acolhida. Não havia este terrível medo, de todos e de tudo, do intruso, do ladrão, do malfeitor. Não se falava em raptos, em assaltos. Nem em aids, nem em dengue! Nem na terrível ameaça de, num segundo, se estilhaçar o mundo, reduzido a escombros, aquietado no terrível silêncio do não ser!

Num instante e tudo pode acabar, sob a simples pressão de um dedo num botão! Centenas, mil bombas, mais de mil, que sei eu da insensatez, guardadas, com propaladas juras de serem apenas garantia, mantendo uma ameaça, evidenciando uma superioridade! Com alguns milhões, e se expõe a humanidade à sanha desarvorada da loucura, transformando, todos, em polichinelos, meros joguetes, submissos, pela desvalia dos nossos protestos. Há uma desconfiança geral de que haja um segredo guardado a sete chaves, engenhos nucleares escondidos, terríveis arsenais secretos, distribuídos pelo planeta, sem controle algum. Um permanente perigo, qual gigantesco cutelo sobre esta nave espacial e este pobre mortal que ingenuamente se julga detentor da vida, indefinidamente.

Ironia, ansiando pela vida, aportam a este planeta, cada dia, milhares de inocentes, e na esperança, adolescentes e jovens se dão mãos, sem sequer imaginar que nos subterrâneos Terra a morte passeia, espreitando-os. E na ingenuidade, nós e eles, todos, indistintamente, fazemos juras de amor, mantemos acesa a fé,enquanto a morte corcoveia!

Ah! Maldito cogumelo, aquietado, manietado, mas latente, que o homem na sua insanidade concebeu, e que em Hiroxima brotou nos céus como uma projeção do mal! B rança flor, negra flor, gigantesca, degradante e perversa que arrebata a vida e a aniquila!

Pudesse, a tempo, o homem refletir, recuar, sustar a mão que trama, e destruir para sempre essa visão horrenda!

Esta manhã, na minha janela, esplendorosa, uma rosa vermelha desabrochou. Pujante de vida e plena de orvalho se ofereceu ao mundo na sua tenra haste. Tão patente o contraste, fragilidade e força, que só o amor, pensei ao vê-la, poderia conceber uma rosa... E me agarrei, obstinada, à vida



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Regina Stella S. Quintas
Jornalista e Escritora
studartquintas@hotmail.com

                                            
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Seca: a tragédia se repete
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