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Julho 2009

Luiz Costa, meu tio inesquecível


Quando residíamos em Sobral, às vezes vinha passar férias na casa de meus avôs paternos, situada no sitio de meu pai em Messejana onde hoje funciona o convento Porciúncula. Gostava muito de ir, à tarde, ao escritório de tio Luiz Costa, despachante aduaneiro, situado no edifício Salim, ali na rua Major Facundo de frente a um prédio onde no andar térreo funcionava a loja de tecidos de Carlos Jereissati e., em cima, a pensão alegre Fascinação. Gostava de ir vê-lo ali e ao tio Hosames que trabalhava com ele. Luiz sempre inventava um pretexto para sair e me levar a passear de carro, em sua camioneta que batizara de Caforinga e que tinha estes dizeres no seu frontispício: "Não me dê conselhos, sei errar sozinho. "Adorava fazer favor e dar as caronas mais complicadas porque seu expediente de trabalho parecia fácil de concluir.

Este tio, irmão de meu pai, que acaba de partir aos noventa e sete anos, dois anos mais que minha mãe, dona Dolores, foi a primeira pessoa, fora de meus pais, a me levar a serio. Levava-me nas visitas às suas amadas, que eram muitas, geralmente feias e a jantar,eu e ele no restaurante do Passeio Publico,o que constituía uma emoção. Por falar nestas mulheres, a lenda familiar rezava que ele deixou no mínimo cinqüenta filhos. Pois de quando em quando nos aparecia com mais um herdeiro que não suspeitávamos existir.

Uma vez, ele me deu dinheiro para comprar par de sapatos. Eu tinha pior gosto do que atualmente, para roupas e calçados. Pois não foi que na loja simpatizei com uns calçados, cor de amarelo manteiga e os comprei. Quando voltei ao escritório, para mostrar a compra, o silêncio discreto do doador me mostrou a extensão de meu erro. Mais tarde em Sobral, mandei tingir de preto o par de sapatos, tentando redimir-me do equivoco cometido.

Luiz, desquitado à época que era fato raro, sempre foi um cara bem humorado e brincalhão. Ainda solteiro,quando voltava para casa de madrugada,encontrava acordado seu pai, meu avô velho Chico Bento que lhe oferecia de tudo para agradá-lo. Ele não queria e levava na troça os oferecimentos:" Não tem freguês, não?"

Brincava muito com tia Dagmar, tia que ficara solteira para cuidar dos pais, por sua mania de arrumação doméstica. Para ele. quando ela voltava da escola em Cajazeiras, onde dava aulas, armários, mesas e cadeiras começavam a tremer, se perguntando: - Para onde ela nos vai levar?"

Como jornalista, devo a Luiz Costa o primeiro emprego na profissão. Era ele diretor da União das Classes Produtoras, entidade de classe fundada por José Afonso Sancho que publicava jornal creio que intitulado "Tribuna do Comércio". Depois Sancho se associou a Olavo Euclides Araujo e Antonio Brasileiro e os três foram dirigir "Gazeta de Noticias". Ali, Luiz me conseguiu emprego com o chefe de redação, jornalista Luis Campos e foi onde recebi o primeiro dinheiro mensal por trabalhos jornalísticos.

A ultima vez que o vi foi um bar, acho que chamado "Careca", ali ao lado do prédio do Liceu do Ceará, perto de onde morava. Ele que, tomava, todos os dias, duas cervejas naturais (não as consumia geladas porque perdiam o sabor) _e,como antigamente, quis pagar a conta,como lhe aprazia. Dele, porém, só queríamos o papo, o bom humor, a excelente companhia. Nunca poderei esquecer este tipo inesquecível que morreu pobre, que sempre buscou consumir as boas coisas da vida e tinha, como alguns dos filhos, um costume, quase um vicio, o de fazer favor, prestar um obséquio aos outros.

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(*) Lustosa da Costa (Sobral), jornalista e escritor.


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